quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A imperícia da impolícia.

Mais uma vez amigo leitor, mais uma vez a polícia e justiça paulistas cometem o erro de pré condenar um cidadão com consequencias brutais para os envolvidos. A Dona de casa Daniele Toledo do Prado, acusada de matar a filha com uma mamadeira de cocaína foi inocentada e libertada. Espancada por outras presas, segundo a matéria do site do Estado de S. Paulo ela perdeu parte da audição e da visão do lado direito. http://www.estadao.com.br/cidades/not_cid234947,0.htm

Ela ficou presa por 36 dias. Não é pouco tempo. Como diria o personagem John Constantine, dois minutos no inferno são uma eternidade. Feitos os exames na mamadeira e nas vísceras da criança constatou-se que não havia cocaína. Levaram 36 dias para isso.

Amigo leitor, este que vos escreve foi, pessoalmente, vítima de algo parecido. Passei 4 horas em uma delegacia, sendo humilhadopor suspeita do homicídio de um policial em 2003 À época fui orientado por um policial amigoque deixasse o caso de lado. Era muito perigoso denunciar. Só escapei por pura sorte, graças a esse amigo. Não é fácil imaginar o que passou esta mãe.

Estes fatos nos obrigam a pensar no papel da polícia na sociedade atual. Esta aberração de autoritarismo, herança dos tempos da ditadura, aumenta a cada dia ao invés de regredir, como seria de se supor em uma sociedade que amadureceu imensamente nos últimos 20 anos, sendo capaz de colocar em discussão temas tão complexos como aborto e maioridade penal.

A polícia continua intocada. Mandando e desmandando. A última demonstraçao desse completo desrespeito pelo estado de direito e pelas autoridades foi o grampo feito pela Abin. A polícia no Brasil acha qoe pode passar até por cima do Presidente da República.

É preciso agir logo. Antes que o estrago seja tão grande que a instituição perca completamente a credibilidade dentro da sociedade brasileira. Aí teremos dois problemas muito maiores: Construir do zero uma nova polícia e lidar com a violência daqueles que forem excluídos das corporações. As milícias no RJ são um exemplo claro do que irá acontecer. Estamos sentados em um barril de pólvora e olhando o pavio queimar.

Ser refém de uma instituição pública é pior do que ser sequestrado. Estes homens e mulheres são servidores públicos. O povo é o patrão desses servidores. Eu pergunto ao Amigo Leitor: É assim que você se sente quando é abordado pela polícia?

A criação de uma polícia estadual unificada. Sem caráter militar, com corregedorias fortes e estruturadas. A elevação dos requisitos de contratação. O treinamento adequado dos quadros e o contínuo monitoramento de suas ações são fundamentais para que tenhamos um aparelho forte e eficiente, que não cometa abusos e seja menos permeável à corrupção. É uma urgente questão de segurança nacional.

Enquanto estas mudanças, profundas e estruturais, não acontecem, é preciso que a justiça forme um colchão de ar para evitar estes abusos. Prisão é para condenado. Assim é estruturado o código penal brasileiro. Se o indivíduo não oferece perigo para a sociedade ou se não há provas concretas que indiquem a autoria de um crime desse tipo não há que se prender o cidadão. E, ao fazê-lo, tem-se que eliminar as dúvidas antes de submeter uma inocente ao sofrimento e risco do sistema carcerário brasileiro.

Aconteceu com uma mãe de 23 anos. Aconteceu comigo. Acontece todos os dias. Estamos esperando o que Senhoras e Senhores? Que aconteça com todos nós?

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A Câmara dos Incomuns

Vergonhosa, Amigo Leitor. Éssa é a conclusão que podemos chegar à respeito da atual legislatura da câmara municipal de São Paulo segundo a pesquisa divulgada pela ONG Voto Consciente. Vamos aos números:

Foram 2.021 projetos apresentados e 781 aprovações. Destes, mais da metade estão relacionados com a troca de nome de logradouros públicos. É o fim da picada. Elegemos os ilustres vereadores para que nos representem na tomada das decisões importantíssimas para a maior cidade do país e... Eles escolhem nomes de ruas! Ora! Tenha a Santa Paciência!

O Prefeito vetou por inconstitucionalidade 127 projetos. Estes não deveriam sequer ter ido à plenário. O custo desta patuscada? 93 Milhões de reais. Isso porque os vereadores pagam aos seus assessores uma infinidade de dinheiro para que não precisem fazer tudo sozinhos. Existe dinheiro mais mal aplicado?

Faltas nas sessões e comissões. Ausência de projetos relevantes, acusações de incoerência com as promessas de campanha, inatividade... Tem de tudo. Poucos são os que realmente trabalhara como representantes dos interesses da população. O Resto só cumpriu tabela.

O papel de organizações como a Voto Consciente (http://www.votoconsciente.org.br/) é dos mais relevantes neste cenário. Tente obter informações no site da câmara municipal. É quase impossível acompanhar o trabalho dos candidatos. É obrigatória a leitura da pesquisa para quem quer escolher seu candidato com consciência.

Quem tem que frequentar um hospital público ou utilizar transporte público em São Paulo percebe o resultado dessa situação. Descaso e falta de competência administrativa são a principal causa dos problemas da cidade. Os vereadores, responsáveis por apresentar propostas de solução para estes problemas e fiscalizar sua execução fazem exatamente o contrário. Se omitem sem o menor pudor, em conchavos com interesses escusos, certamente distantes das necessidades da maioria da população.

Não deixem de acompanhar a pesquisa e seus desdobramentos. Divulgue para seus amigos e parentes. Faça a sua parte. Cada voto que gente desse tipo deixa de receber é um passo em direção a uma cidade mais justa, limpa e boa de se morar.

Precisamos garantir que gente desse tipo não ganhe nem eleição para síndico de prédio. Eles não fazem a parte deles Senhoras e Senhores, porque nós não fizemos a nossa. Nós os colocamos lá.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Brasil Cinza

Fernandinho Beira Mar foi julgado hoje. Sem algemas, a pedido de seu advogado, insistiu que não é responsável pelos crimes porque estava cuidando de seus negócios. Alega ser empresário.

E deve ser mesmo! O cenário político e econômico brasileiro está repleto de empresários de algemas. Zuleido Soares, Naji Nahas, Daniel Dantas e Paulo Maluf e tantos outros que, sob a fachada de empresários, políticos, investidores e outas tantas profissões se tornam criminosos, lesando o erário público e entidades privadas.

Mas o caso do Fernandinho é diferente. Ele é um criminoso conhecido, traficante de drogas e mandante de diversos assassinatos. Na primeira oportunidade que teve criou uma construtora e um depósito de materiais para construção.

Essa é para pensar, Caro Leitor. Pessoas como Beira Mar, na maioria dos casos, nasceram em um ambiente hostil e de baixíssima mobilidade social. As crianças que nascem nas favelas e guetos de grandes metrópoles dificilmente têm condições de sair de lá. São coagidas pelo tráfico, já que a ausência do poder público é absoluta, e entram para as fileiras do crime ainda bem jovens. Não terminam os estudos e raramente entram em uma faculdade. Alguns agora conseguem seguir a carreira de direito, financiadas pelo tráfico que irá precisar de seus serviços no futuro, seja para defendê-los na justiça, seja para servir de mensageiros e mulas entre os presídios.

Mas o que dizer sobre homens como Zuleido, Nahas e Dantas? A maioria deles fez faculdade. Alguns até nasceram em berço de ouro. Tiveram acesso às mehores escolas. Cursos, tutores, carros, roupas e viagens. Tiveram alimentação mais que digna e famílias razoavelmente estruturadas. E o que se tornaram? Bandidos.

E não estou defendendo o Beira Mar não. Ele cometeu e pasmem! Continua cometendo de dentro da cadeia uma série de crimes bárbaros. Que apodreça na cadeia. Mas é hora de tratarmos os criminosos de forma idêntica. As escutas telefônicas utilizadas para prender os peixes grandes já dão origem a polêmicas. Quem assistiu o programa "Opinião Nacional" ontem na TV cultura tem uma idéia do que eu estou dizendo. Grandes cabeças debruçadas sobre o tema para que não se cometam injustiças.

E quando um policial invade um barraco na favela com o pé na porta e arma na mão. Manda todos deitarem no chão e vasculha o recinto a procura de armas e drogas, tudo isso sem mandato. Não é violação de privacidade?

Cada vez mais o "diga-me com quem tu andas e te direi quem tu és" me parece um simples chavão para justificar a nossa cegueira e discriminação. Jesus andava com Judas Senhoras e Senhores e Judas andava com Jesus.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Alvos Móveis

"Insana" Caro Leitor. Assim foi classificada a ação policial no RJ que culminou na morte do menino João Roberto de 3 anos. Mais uma vítima inocente da falta de preparo e da sanha assassina das polícias brasileiras.

Não há muito o que dizer. O caso do RJ é emblemático. Um dos estados mais ricos da federação sofre os efeitos de uma guerra civil. É a barbárie dos traficantes contra o despreparo e a certeza de impunidade dos agentes policiais.

Há poucos dias até mesmo o exército, nossa última esperança, cometeu um crime absurdo ao entregar 3 rapazes para o tribunal do tráfico. Um indício claro de que até mesmo esta instituição, tida pelos brasileiros como uma das mais isentas e eficientes, já foi corrompida pelo poder paralelo da criminalidade.

A reboque destas tragédias o poder público anuncia a criação de uma "universidade de polícia" com o objetivo de formar um corpo mais capacitado e consciente de suas obrigações e limites. A pergunta é: Quem vai dar aula? Quem temos que possa ensinar estes novos policiais a respeitar os direitos dos cidadãos e conter seus impulsos para que não metralhem um carro com uma mãe e duas crianças dentro? Eu não tenho a menor idéia.

Até quando teremos duas polícias? Até quando o espírito marcial será a tônica da formação do policial, preparado para um confronto de vida ou morte, para ações de repressão e combate direto e não para a investigação e prevenção do crime?

Até quando veremos as vidas de inocentes interrompidas por balas perdidas em confrontos abertos nas principais vias do RJ e outras grandes capitais? Até quando assistiremos calados as chacinas que acontecem nas periferias de São Paulo, perpetuadas por agentes tão seguros de sua impunidade que foram capazes de assassinar a sangue frio um de seus próprios comandantes?

O brasileiro médio não se importa. Desde que estas mortes e tragédias ocorram longe de seus condomínios e escolas particulares não faz diferença. Até que isso aconteça com um de seus filhos. Aí sim. Tome ONG, passeata, campanha. Senão não tem importância.

É isso senhoras e senhores. "Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?". A escolha é nossa.

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Mais 2 bilhões para o Ralo

Mais uma fraude de bilhões Amigo Leitor. Dessa vez o alvo era o comércio de álcool e açúcar sem notas. O estado deixa de arrecadar e os usineiros engordam seus lucros. A pergunta é: Como um negócio estratégico, responsável por uma fatia significativa da receita do estado, consegue sonegar uma quantia absurda como essa? A resposta é simples. Economia porca.
Empreendimentos gigantescos como usinas de álcool e açúcar, distribuidoras de combustíveis e outros setores que estão concentrados em um grupo pequeno de empresas deveriam receber atenção especial do estado.

Façamos uma pequena conta. Imaginemos 10 fucionários altamente capacitados ganhando uma média de R$ 10.000,00 por mês durante um ano gerariam um despesa em torno de R$ 1.200.000 por ano. Isso corresponde a 0,0006 do valor sonegado. Ridículo não? Então porque estes setores não recebem a devida atenção? Porque não há um sistema estadual específico para a emissão de notas fiscais para estas empresas? E fiscalização dioturna? Porque aí o estado gastaria muito e vale a pena correr o risco da sonegação? Tenha a santa paciência!

Quantos episódios destes teremos que ver antes que a máquina comece a funcionar como deve? O País tenta fazer economias para o pagamento de juros e deixa de arrecadar uma quantia dessas por pura falta de bom senso? A principal cidade do país vive um caos por causa do trânsito e o governo estadual diz que não tem dinheiro para metrô. Taí a grana! Voou!
Enquanto isso os trabalhadores do campo recebem salários de fome e são submetidos a jornadas de trabalho extenuantes. E os usineiros ainda têm a cara de pau de sonegar impostos? Uma coisa desse tipo beira a insanidade.

Parece piada senhoras e senhores. O nome da operação da PF que descobriu o rombo é "Canabrava". Só tomando uma.


sexta-feira, 6 de junho de 2008

Inflação e Distribuição de Renda

A inflação está batendo a nossa porta Amigo Leitor. O dragão que foi o algoz da economia brasileira durante tantos anos ameaça voltar, e dessa vez a responsabilidade maior é do aumento dos alimentos.

Mas a que se deve esta súbita alta? Aos preços estratosféricos do petróleo? A diminuição da área cultivada em função do aumento da produção de bio-combustíveis? Ou a um aumento significativo da demanda por conta dos efeitos da distribuição de renda feita ao longo dos últimos anos no país? Ou a um conjunto dos três fatores?

Do fim para o começo. As áreas plantadas com cana de açúcar no Brasil não são grandes o suficiente para justificar aumentos consistentes como os que vem ocorrendo. Não houve diminuição da safra em consequência do aumento das plantações voltadas para bio-combustíveis, ao contrário, as previsões são de safra record novamente. Sobram o petróleo e a demanda.

O preço do petróleo tem influencia conhecida sobre todos os preços. Seu aumento tem como consequência a alta no preço dos alimentos seja por conta do transporte como por conta de itens como embalagem e armazenamento. É um fator significativo para explicar os aumentos generalizados de preços.

No entanto o fator demanda é algo novo no Brasil. O aumento do consumo por parte das classes D e E é um fenômeno observável ao longo dos últimos anos. No entanto as políticas de incentivo a produção não ocorreram com a mesma intensidade, logo uma pressão inflacionária é inevitável.

O redirecionamento da política agro-pecuária para o o incentivo à agricultura familiar e uma aceleração do processo de reforma agrária são diretrizes que podem surtir efeitos no médio prazo e são soluções duradouras para conter a alta dos preços, mas precisam ser tomadas o quanto antes.

A estimulação da agro-pecuária de ponta é indispensável para manter o país como grande provedor de alimentos para a Europa e EUA, no entanto estes itens estão sujeitos a variação dos preços internacionais, mais vinculados a fatores macroeconômicos que afetem o mundo de forma geral. Internamente, atitudes mais pragmáticas podem surtir efeitos que gerem um "colchão" de forma a tornar o país menos suscetível a grandes variaçãoes no mercado de comodities.

Precisamos produzir mais ou comer menos. A escolha é simples Senhoras e Senhores: Feijão ou Inflação.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cachorro com dois donos morre de fome

A Amazônia é nossa amigo Leitor. Essa simples frase tem dado muito pano para a manga por conta do interesse internacional, oriundo das previsões catastróficas sobre o aquecimento global.

E já temos toda sorte de mazelas se abatendo sobre a Amazônia. ONGs que tentam comprá-la, expansão da agropecuária em zonas de preservação, rotas do tráfico de drogas, índios viciados em cocaína, tropas das FARC transitando nas fronteiras além, é claro, da extração de árvores centenárias para que as madames de plantão possam ter suas mesas de mogno. E vem o Barba e diz: A Amazônia é nossa! Nossa? Nossa quem, cara pálida?
A Amazônia é hoje terra de ninguém. O exército brasileiro, uma das instituições mais respeitadas por todos os brasileiros, está completamente desaparelhada para patrulhar as fronteiras. E tem que ser o exército amigo leitor, que a polícia federal os madeireiros já puseram pra correr.

Cadê o SIVAM? Investimos uma fortuna em radares que identificam os desmatamentos e fazemos o que? Nada, ora bolas. É isso que sempre fazemos. Nada. As madeireiras continuam agindo, os pecuaristas continuam queimando, os traficantes continuam voando. E nós assistimos a isso calmamente sentados em nossas poltronas e dizendo: Que absurdo!. Hipocrisia tem limite.

Mandaram a Marina embora. A pressão foi tanta que ela desistiu. O mundo lamentou a sua saída. Quem entrou no lugar fala em confisco de boi. E o restante dos problemas? E o subdesenvolvimento da região? E o crescimento sustentável das economias ribeirinhas? E o policiamento? Nada. Nem uma palavra.

É para acabar com o humor de qualquer um. Soberania nacional senhoras e senhores? Isso é coisa pra quem é, de fato, dono do próprio nariz.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Licença para Delinquir

Quarenta mil carteiras de habilitação, caro Leitor. Esse é o número de licenças falsificadas emitidas pela quadrilha sediada em Ferraz de Vasconcelos.

O que mais impressiona é a complexidade da quadrilha. Médicos, psicólogos, agentes do DETRAN, policiais civis, delegados e, pasmem, até a corregedoria pode estar envolvida.

Que tipo de incentivo as pessoas têm para elaborar um esquema desse porte? Somente o dinheiro? Ou a certeza da impunidade? A corrupção alcançou até quem deveria investigar a polícia. Se a corregedoria apodreceu que esperanças temos nós, cidadãos, de ter um dia uma polícia correta e que prime pela segurança? Sorry periferia, nenhuma.

Há 10 anos tirei minha licença para dirigir. Fui reprovado em 3 exames. As faltas que eu cometia eram todas graves, segundo o examinador. Mas vi uma motorista derrubar as duas balizas ao estacionar e deixar o carro morrer três vezes ao longo do percurso. Saiu de lá com a carteira. O Agente da auto escola na época me dizia: É melhor pagar os caras, sai mais barato. Transferi meu processo para Caieiras e tirei minha carta lá, sem pagar.

Pode parecer um absurdo mas todo mundo conhece um cara que "tira os pontos" da carteira. A minha, suspensa por multas de rodízio, aguarda a boa vontade do DETRAN para poder voltar a valer. A burocracia é tão grande que eu desisti. Vendi meu carro. O velho artifício de criar dificuldade para vender a facilidade.

A sociedade brasileira, acostumada ao recurso fácil do jeitinho, gerou essa monstruosa deformação. Esta quadrilhas se organizam por uma simples razão: Há demanda. O cidadão não está disposto a ficar na fila por quatro ou cinco horas em busca de seu documento. Faz o que? entra na onda e recebe sua carteira em casa, com digitais falsas e tudo. Sem stress.

O que deve ser feito agora com estas pessoas que terão suas carteiras cassadas? Acusá-las de crime? Prendê-las? Ou reformular a burocracia para que se possa tirar a licença para dirigir de forma digna e sem gerar renda para bandidos? Temos que por o dedo na ferida. O Problema senhoras e senhores é que o dedo é de silicone. A ferida agradece.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Ouvido de Tuberculoso

Parece que agora a coisa engrena mesmo Amigo Leitor. As escutas telefônicas feitas pela polícia estão colocando cada vez mais nossos representantes políticos nas páginas policiais. Em São Paulo temos o Paulinho acusado de envolvimento nos desvios de dinheiro do BNDES. No Rio de Janeiro o Ex chefe da polícia civil é acusado de envolvimento com milícias nas favelas cariocas e utilização de dinheiro ilegal para financiamento da campanha política do ex-governador Garotinho e sua mulher.

A cada dia vereadores, deputados e até governadores e senadores estão sendo acusados dos mais diversos crimes, incluindo associação com bicheiros, traficantes e milícias. Além do tradicional crime do colarinho branco.

De nada adiante porém, a polícia investigar e acusar estes senhores se o trâmite dos processos na justiça e nas casas legislativas fica para as calendas. No caso de São Paulo já há conversas para protelar a votação da cassação do mandato do deputado Paulinho para depois das eleições. A justificativa? Não haverá quórum. Chega a ser ridículo.

A justiça eleitoral e as câmaras precisam de dispositivos que impeçam a permanência de bandidos em seu meio. Se há acusações contra alguém que sejam paralisados os trabalhos e estas pessoas sejam julgadas em rito sumário.

Há também que tornar a pena para o caso de crime cometido por ocupante de cargo eletivo muito mais dura. E que o processo seja sumário também. A cada dia que uma pessoa com os poderes de coação e com a malha de corrupção destes senhores fica na rua o País perde muito mais. Estes homens são insalubres para a sociedade e devem ser excluídos dela com a máxima eficiência possível.

Há muito ainda a ser feito senhoras e senhores. Mas os ouvidos do estado pelo menos já começaram a funcionar. Falta o longo braço da lei tirar a mão do bolso.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Ilusionismo e Justiça

O Amigo Leitor que liga sua televisão diariamente tem acompanhado nos principais jornais do país o desenrolar do caso Isabela Nardoni. Uma verdadeira barbárie.
No entanto alguns aspectos do desenrolar dos acontecimentos chamam a atenção.
Em primeiro lugar o comportamento dos veículos de comunicação em relação aos acusados. Desde o primeiro dia os programas matinais da chamada "imprensa policial" deu atenção quase que exclusiva ao caso, com opiniões emitidas contra o casal e opiniões supostamente isentas sobre a autoria do crime e as circunstâncias que o cercam.

Ninguém em sã consciência seria a favor da libertação do casal se houvessem provas conclusivas em relação a autoria do crime. Estas, no entanto, não existem. São todas circunstanciais.

A opinião de amigos advogados com quem conversei foi unânime: Não haviam elementos suficientes para a decretação da prisão. Isso significa que quer eles sejam ou não os autores do crime já foram condenados por ele.

Nesse meio tempo dezenas de pessoas morreram em operações da polícia carioca em operações nos morros do RJ. Chacinas foram praticadas em São Paulo, dezenas de crimes contra o patrimônio público foram mostados com menos pompa (e estes com certeza matam mais que todos os assassinatos noticiados). Mas a imprensa não se posicionou da mesma forma.

Tudo isso em nome do IBOPE. A guerra das emissoras de TV justifica tudo, até o absurdo de condenar alguém publicamente antes do julgamento.

Este é a atitude que se espera da imprensa? É isso que devemos fomentar? Enquanto dezenas e dezenas de assassinos circulam anônimos pelos corredores dos órgãos públicos os órgãos de imprensa desviam a nossa atenção com sensacionalismo barato e apresentadores bufões?

Isso sim é que é jogo de cartas marcadas senhoras e senhores. O longo braço da justiça alcança bem poucos e a imprensa é a banca. Esta sim sempre ganha.

Teatro de verdade

Caros amigos leitores.
A Fábrica de Sequelas ficou fora do ar por algum tempo devido a alguns contratempos, dentre eles a minha falta de inspiração para escrever. Mas mesmo esta se foi. Mas apos essa longa ausência o blog volta a funcionar a pleno vapor.
Para comemorar quero indicar a todos a peça "Caldé e os peixes que aprenderam a nadar no ar".
Fui assistir e é realmente uma grata surpresa. Cenários simples e ótimos atores. Enfim, teatro de verdade.
Este é o último fim de semana em cartaz, portanto aproveitem! O Post de hoje vem mais tarde. Abraços a todos
Célia Helena Teatro Escola
Rua Barão de Iguape, 113
Telefone: 3209-0470
Liberdade - São Paulo
Sábado as 20:00
Domingo as 18:00

segunda-feira, 24 de março de 2008

A Epidemia do descaso


Meu grande amigo e irmão Yuri Gadini inaugurou finalmente seu Bar e Restaurante na cidade do Rio de Janeiro. Há quase 1 mês eu prometo a ele que vou ao rio conhecer o lugar. Neste fim de semana que passou eu me organizei e na quinta feira a noite estava de mala e cuia prontas para a viagem. Liguei a TV para checar o trânsito e dou com uma notícia de deixar os cabelos em pé. O Governo iria montar hospitais de campanha para tentar conter o número de mortes por dengue. Quanto ao contágio as medidas ainda seriam definidas. Desisti de ir ao RJ, ao menos por hora.

Segundo matéria do UOL, a cada 42 segundos um novo caso de dengue surge na cidade do Rio de Janeiro. São quase 60 por hora. Só agora o governo reconheceu a existência de uma epidemia e começou a tomar providências. Até que isso acontecesse, milhares de pessoas foram contaminadas e não há como deter a epidemia, ao menos no curto prazo.

A dengue é uma doença conhecida dos brasileiros. Sabemos como ela é transmitida, os sintomas e o tratamento. Porque então o sistema de saúde de um estado como o RJ não deu conta? A resposta é simples e composta. Não há médicos preparados no sistema de saúde para atender pacientes com dengue e não foi feito o combate ao mosquito. O resto é balela.

Doenças com vetores como o Aedes Egypt podem ser controladas em áreas urbanas. O controle em áreas rurais pode ser mais difícil mas não é esse o caso do RJ. A conscientização da população, acompanhada por uma ação enérgica do estado no sentido de eliminar os criadouros é o que evitou epidemias dessas proporções em granes centros urbanos do país.

No último ano nada foi feito. Carros que deveriam servir para a fumegação de veneno estão parados, ironicamente servindo, eles próprios, como viveiros de mosquito. Não houve ação preventiva. O resultado aí está. Não houve treinamento das equipes de saúde pública. O resultado é uma catástrofe. O número de mortes deve aumentar significativamente.

O governo anuncia novos carros, 20 no total, mas estes serão insuficientes. Há 50 no Rio e não foram suficientes em 1 ano. Anuncia agentes e médicos. Mas as dezenas de mortos já não podem mais ser salvos. Estes ficarão na memória, como vítimas do descaso e incompetência dos governantes. Estes não sofrerão consequência alguma. Estas mortes não cairão nas costas de ninguém senhoras e senhores. Estas ficarão mesmo em nossas mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Top-Top-Top


Para quem não tinha certeza e para quem não tinha dúvida. As obras no aeroporto internacional de Cumbica foram paralisadas esta semana. O Motivo? Falta de pagamento. A razão? Ninguém sabe dizer.

Ano passado fui à Europa acampar. O Aeroporto de Amsterdã Shiphol é pelo menos 10 vezes maior que o de Cumbica. Gente do mundo todo passa por lá. Ele é a ponte para diversos aeroportos da Europa e Ásia. O Amigo Leitor acha que eles construíram algo desse tamanho para facilitar a vida dos demais moradores do mundo? Não. Construíram porque dá muito dinheiro.

Mas no Brasil a coisa é encarada como serviço público ou seja, péssimo atendimento, péssima qualidade de serviço, péssima reputação. Se não querem fazer, deixem nas mãos da iniciativa privada, já que o usuário é quem paga a conta.

Nem terminamos de passar a crise aérea direito e já foram esquecidos os acidentes dos vôos da Tam e Gol. Paralisar uma obra dessas é no mínimo criminoso. A Infraero já se manifestou. há indícios de super-faturamento. (Alguém conhece uma obra pública que tenha sido feita a preços justos nos últimos 30 anos?). Ora, façam-me o favor!

As aeronaves crescem a cada dia. Em número e tamanho. A cada dia são necessárias pistas mais longas e controle de tráfego mais eficiente. Nós paramos no tempo. A Infraero empurra com a barriga e o governo faz de conta que não é com ele. Em tempos de crise passa-se o facão, troca-se o comando. Mudam as moscas, a sujeira é a mesma.

São todos macacos velhos senhoras e senhores. Estes metem a mão em tudo, menos em Cumbica.

quarta-feira, 19 de março de 2008

10 anos de Prejuízo


O Caro Leitor deve estar pensando que se livrou do Pitta e cia LTDA. Pois olha ele aí de novo. Não exatamente ele mas uma de suas obras primas: O Fura Fila, rebatizado de expresso Tiradentes.

Depois de esperar 10 anos para usufruir do investimento mal feito no projeto o paulistano ainda tem que lidar com as denúncias de super-faturamento em até 145% no valor dos serviços prestados pelas construtoras.

O TCU recebeu o relatório de auditoria realizada em 2006. A obra custou 450 milhões. Ora, em uma obra desse porte a auditoria demorou quase 2 anos para chegar a esta conclusão? No mínimo suspeito.

Há muito tempo os administradores sabem da existência do princípio de Pareto. Se auditarmos com eficiência 20% dos projetos em execução estaremos controlando aproximadamente 80% do valor envolvido. O outros 20% podem sofrer auditorias menos frequentes mas não menos austeras.

Qualquer orçamentista do mercado consegue dizer se o preço de um serviço está abaixo ao acima da média e indicar super-faturamento. Não é preciso ser um gênio das finanças para perceber este tipo de falcatrua, tão comum no histórico de obras públicas no Brasil. Como explicar ao contribuinte que um erro desta magnitude venha a ser percebido com quase 2 anos de atraso? Estes valores são do último trecho construído, e os demais serviços, como se comportaram?

A semana passada o governador de New York perdeu o cargo por "suspeitas" de desvio de verbas de campanha para uma rede de prostituição. Ainda resta o inquérito criminal mas ele já perdeu o cargo. Alguém acha que um prefeito ou governador (a obra é feita em parceria) vá perder o mandato por algo parecido? Nem a pau Juvenal.

Precisamos contratar Senhoras Japonesas como a da propaganda da Semp Toshiba e coloca-las ao lado das urnas. Quando alguém for votar em um desses crápulas ela diria: Esse sem vergonha roubou uma grana danada e você vai votar nele? "Se riga Cabeçom!".

O trânsito em São Paulo é cada vez mais caótico. Cada vez mais precisamos furar filas. Eles, senhoras e senhores, furam nossos olhos.

terça-feira, 18 de março de 2008

Congresso 1 x Governo 1 - Brasil 0

Nova briga entre executivo e legislativo sobre um assunto antigo. O Excesso de medidas provisórias editadas pelo governo.

O Caro Leitor que acompanha o assunto deve se perguntar: Por que o governo precisa das MP's se temos uma das mais ágeis e sérias casas legislativas do mundo? A resposta é simples: Porque não temos congresso.

A administração pública em um país com as complexidades e dimensões do Brasil não pode depender do congresso para tomar atitudes. É preciso uma certa "margem de manobra"que permita ao executivo tocar o dia a dia da nação sem ter de aguardar que as casas legislativas aprovem.

Lembram-se da super receita? Uma medida provisória uniu diversas autarquias com o objetivo de diminuir despesas e facilitar a arrecadação. O resultado foi uma balbúrdia total. O Executivo teve de voltar atrás pois o congresso deixou o prazo se esgotar. Simples assim.

Agora sejamos justos. Se o governo tivesse mandado um projeto de lei para o congresso em quanto tempo ele seria votado? Sendo otimista em 2 ou 3 anos. É inviável.

O que o legislativo está fazendo é a típica atitude de quem não quer largar o osso. Sem briga política o governo é mais eficiente e os problemas são resolvidos. Isso são louros para o governo e a oposição não quer que este se fortaleça diante da opinião pública. Taxam-no de autoritário e de antidemocrático. Balela. Conversa mole para enganar os incautos.

Há quanto tempo esperamos a reforma política? Quanto tempo levará reforma tributária para ser aprovada? Alguém duvida que ficará para as calendas? É ano de eleições, ou seja, ano de congressista correr para as "bases" e deixar o país ao Deus dará.

Nossos políticos não têm senso de urgência senhoras e senhores. O deles está garantido, por dentro ou por fora. O do Brasil é que está na seringa.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O Tigre e o Dragão

A amigo leitor há de me perdoar pela ausência. Foram dias corridos esses últimos e minha criatividade foi devorada por tarefas em fúria. Mas cá estou de volta e retomemos o caminho.

Há pouco mais de 3 meses foi preso em São Paulo o "empresário" Law Kim Chong. Sob a luz dos holofotes a polícia cologou atrás das grades alguém que, segundo as autoridades pois este que vos escreve não investigou, é o maior contrabandista do país, responsável pelos shppings da 25 de março e outros por aí.

A prisão cautelar de 121 dias terminou sem que fossem produzidas provas contra ele. E ontem ele foi solto da penitenciária onde se encontrava. Inacreditável.

Qualquer leitor sabe que as mercadorias vendidas nestes shoppings tem 2 procedências possíveis: Ou é contrabandeada ou é falsificada. Uma terceira opção é a de que poderia ser roubada o que tecnicamente é difícil de caracterizar. Ninguém compra equipamento eletrônico legalmente importado por um preço 50% menor que em uma loja qualquer. Se o preço é este então é contrabandeado.

A polícia não conseguiu nada contra o homem. Ele responde a dois processos por contrabando e formação de quadrilha. Alguém duvida que estes venham a fazer água também? E não estamos falando da nossa polícia civil. Quem tocou as investigações foi a polícia federal, com todo o seu aparato científico-tecnológico. E não descobriram nada. Em meio a toneladas de mercadorias, meses de investigação e nem uma só provinha de algo que todo mundo sabe.

Não é a toa que pessoas como Law kim Chong violam a lei senhoras e senhores. É realmente um negócio da China.

terça-feira, 4 de março de 2008

O Inimigo do meu inimigo é o meu amigo

Chegou a hora caros leitores. Após anos e anos tentando achar uma justificativa válida pra iniciar um conflito armado na América Latina, particularmente com a Colômbia com quem as rusgas têm cruzado até o oceano, Hugo Chávez tem a primeira oportunidade real de colocar seus tanques nas ruas.

O apoio e reconhecimento que o presidente venezuelano vem dando às FARC ao longo dos últimos anos culminou com a libertação de reféns e colocou sua figura como importante humanista na mediação do conflito. Este assunto porém era até então exclusivamente colombiano. O ataque da Colômbia a um acampamento da guerrilha em território equatoriano foi literalmente "uma no cravo outra na ferradura". Ao mesmo tempo que eliminou o segundo homem no comando das farc, bloqueando assim o caminho da intermediação de reféns como ferramenta de promoção política, deu a Hugo Chávez a desculpa perfeita para semear a discórdia entre seus vizinhos.

O perigo é real. As tensões políticas na região já chamam a atenção de diversos organismos internacionais. Não se deve esquecer a importância da região no mercado de gás e petróleo e os interesses dos EUA na região que é a maior produtora mundial de cocaína, argumento principal para a participação política americana na área.

É em momentos como este que as dotações feitas recentemente para reaparelhar o nosso aparato militar e os convênios com a Franç para a construção de submarinos nucleares deixam de parecer bobagem. A América Latina sempre foi e continuará sendo por muito tempo um gigantesco vulcão adormecido, mas não extinto.

A participação do Brasil como maior país do bloco deve ser sempre no sentido de buscar uma solução não bélica para o conflito, porém nossa posição deve ser firme e irredutível. Qualquer tentativa por parte da Venezuela de, sob qualquer justificativa, incitar seus vizinhos à guerra deve ser repelida com precisão cirúrgica e com força necessária para impedir o alastramento e perpetuação do conflito, a despeito do alinhamento ideológico entre os dois presidentes.

É tempo de acalmar os ânimos e dialogar. A guerra está em nossas portas senhoras e senhores. Sangue Latino suor e lágrimas. Estas de crocodilo.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Reformas e contra reformas.

O governo enviou para o congresso a proposta de reforma tributária. Há anos o Brasil espera que uma ampla reforma na estrutura de recolhimento de impostos.

O querido Leitor não imagina o volume de dificuldades que o empresariado tem que enfrentar para recolher seus impostos. Vejam bem, estou falando do recolhimento e não do valor, este ninguém duvida que é altíssimo.

A legislação do ICMS tem hoje em torno de 24000 páginas. A do IPI também não é pequena. Isso sem contar os milhares de disposições, leis complementares, resoluções, pareceres, etc que se precisa conhecer para que um DARF possa ser recolhido. Empresas de médio porte precisam contratar milhares de profissionais para a área de escrituração fiscal. Fora o custo com softwares e periódicos como os da IOB, que fornecem as informações atualizadas de como recolher os impostos devidos.

O sistema bancário brasileiro é provavelmente o mais desenvolvido do mundo. Isso por conta das mudanças que foi obrigado a contemplar na época dos planos econômicos anuais, que modificavam do dia para a noite as regras as quais os correntistas seriam submetidos.

Toda empresa formal precisa de uma conta no banco. A informal se vira com contas de pessoas físicas. Quando uma empresa fatura um valor para outra o pagamento é feito quase que exclusivamente por via eletrônica. São raros os casos em que um cheque é usado atualmente. Mesmo o pagamento feito no dia a dia pelos consumidores é em grande parte feito com dinheiro de plástico.

Esta é a chance de transformar o país definitivamente. É preciso coragem e audácia. Mas as ferramentas já estão aí. Se o governo utilizasse a infra-estrutura existente no sistema bancário poderia transferir para este a responsabilidade de reter os impostos já na movimentação de compra e venda. Difícil? Talvez, mas é viável com certeza. Com a CPMF funcionou.

Se cada empresa tivesse uma alíquota única para cada imposto, no ato do recebimento o banco poderia "separar" o imposto e, ao fim do mês, computar os créditos e débitos do importo, calculando o valor e repassando a receita estadual, federal ou municipal. Seria o começo do fim das grandes operações de sonegação e das atividades ilícitas de fiscais que, para receber propina, fecham os olhos para os deslizes dos empresários.

Seria também uma forma de manter o controle sobre as operações financeiras, facilitando o rastreamento de contribuintes que tentem lesar o fisco.

No entanto a previsão mais otimista do governo é que ainda "este ano" a reforma seja aprovada. Há pouca chance disso acontecer. A base do governo no senado é fraca e o jogo de interesses no congresso faz Maquiavel parecer os irmãos Grimm.

A reforma que mais precisamos é a política senhoras e senhores. Sem essa não haverá mudança alguma.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Ilha

Há tempos não pegava um livro do quel eu não conseguisse desgrudar. Este fim de semana aconteceu. Li A Ilha, do jornalista Fernado de Moraes, escrito por volta de 1975.

O livro narra as impresssões de um jovem jornalista sobre sua visita à Cuba e duas entrevistas sensacionais. Uma com Fidel Castro e outra com um médico que fez parte dos guerrilheiros que derrubaram a ditadura de Batista.

É leitura obrigatória. Tanto para os simpatizantes quato para os críticos do regime cubano. Mas alguns pontos são especialmente interessantes.

Em 1975, dezesseis anos depois da implantação do governo revolucionário não haviam prostitutas em Cuba. Nem drogas. Nem favelas. Como eles conseguiram isso? Está lá no livro.

Comecei a pesquisar o que é Cuba hoje. Muita coisa mudou. Mas a idéia de liberdade pela igualdade ainda é muito difundida por lá.

Recomendo a todos que leiam o livro. Algo deve mudar na cabeça do caro leitor. Eu percebi que os ideais comunistas continuam fazendo muito mais sentido pra mim do que o lucro a qualquer custo. O mundo está a cada dia mais envolvido com o capital financeiro do que com o capital humano. A cada dia que passa nós pensamos menos coletivamente e mais individualmente. O Brasil é um expoente nessa arte.

Lendo o trabalho do Fernando de Moares fiquei mais consciente do quanto estamos distantes de uma sociedade efetivamente preocupada com seu destino. Seja ela capitalista ou socialista. Mas não se deve perder a esperança senhoras e senhores. É só o que temos hoje.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Por um futuro sustentável


O Amigo Leitor que acompanhou as notícias sobre economia nos últimos dias deve estar eufórico, e com razão. Índices de desemprego há muito almejados, bolsa em franca recuperação, previsão de inflação em queda e pra colocar a cereja no bolo as reservas brasileiras ultrapassaram a dívida externa nacional. Fato inédito na história econômica do país.

A confiança no governo está em alta, apesar das patacadas dos cartões corporativos. Grandes reservas de petróleo a vista e os países fazendo coro para que entremos no G8. Até nisso estamos com sorte. As estimativas de crescimento para este ano são boas, podiam ser melhores, mas não são ruins.

E o que podemos esperar com tudo isso? Não estamos acostumados a tanta notícia boa.

No entanto há um fator que não deve ser esquecido. O crescimento no Brasil se dá de forma desigual. Os estados do "sul maravilha" como dizia Henfil tendem a crescer mais que os do norte e nordeste, onde a fome e a miséria ainda predominam.

Seca, falta de infra-estrutura mínima de educação, saúde e segurança são a tônica em milhares de municípios. Estas pessoas farão o que? Vão migrar, como já aconteceu no passado, para os grandes centros urbanos do sul e sudeste, particularmente São Paulo, Rio de Janeiro e as grandes cidades do interior paulista.

Longe de mim insinuar que a vinda de mão de obra de outros estados é prejudicial per se. São Paulo só a maior cidade da América Latina por conta da brava gente que deixou sua terra para tentar a sorte aqui. Graças a Deus, ou não teria conhecido alguns dos meus melhores amigos, filhos dessa gente. Cabras da peste. Gente inteligente e sabedora das coisas da vida. Eu mesmo sou neto de mineiros, índios e espanhóis, com filhos que além desses incluem alemães e austríacos no seu DNA. Prefiro assim mesmo.Bem misturado.

Este fenômeno é nosso conhecido e têm impactos significativos na organização de grandes cidades, que passam a se expandir desordenadamente, avançando sobre mananciais e áreas de proteção ambiental. Os recursos públicos como hospitais e escolas dificilmente acompanham este crescimento populacional e acabam por derrubar ainda mais os já precários índices de eficiência dos serviços públicos.

O que acontecerá com a parcela desta gente que não encontrar trabalho? Sem onde morar, sem dinheiro e sem perspectiva. Vão ser empurradas para os guetos. E lá ficarão a mercê do crime organizado e da violência do estado. Expostos e indefesos. Infelizmente é assim que acontece. Sempre foi. A tabela no topo da página mostra claramente este comportamento. É evidente a perversidade da relação .

Qual a saída para esta arapuca? Como crescer sem gerar estas mazelas sociais? A resposta é simples mas de difícil implementação. Temos que estimular o crescimento distribuído pelos estados do norte e nordeste. É preciso investir em infra-estrutura, formação e saúde. É preciso desenvolver o país como um todo.

O sertanejo quer sua terra. Quer seu chão. Não deseja vir para cá para sofrer mais do que já sofre lá. Ele quer criar seus filhos e netos na terra onde nasceu. Mas não pode, porque lá não tem sequer o mais básico. A água.

As notícias são ótimas. As perspectivas são melhores ainda. Falta muito para fazer mas certamente é a melhor hora para inverter esta tendência secular. Ou fazemos isso agora senhoras e senhores, ou a história nos perguntará porque perdemos a oportunidade.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Política e Polititica II

O querido leitor que passar pelo site do UOL será agraciado por mais uma pérola da falta do que fazer de nossos políticos. Dessa vez o Rio de Janeiro é que teve que ver seus sagrados recursos gastos com um inútil projeto de lei do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP).

Ele propõe que o símbolo do BOPE seja transformado em patrimônio cultural do RJ. Fico abismado com o fato de que ninguém, antes do sucesso do filme, tivesse atentado para um assunto dessa relevância.

Talvez devêssemos colocá-lo na bandeira do RJ. Ou propor que a Rocinha ou o Morro do Alemão sejam uma das maravilhas modernas ao invés do Cristo Redentor. Ai meus sais.

O filme mostra o tempo todo o quanto o aparelho repressor criado por um estado que se perverteu. São duas facções rivais dentro da própria polícia. Uma que se deixou corromper completamente pelo crime organizado a outra que se deixou ofuscar pelo poder de vida e morte, colocando-se acima dos direitos e rasgando a constituição como se nada fosse.

As cenas em que os integrantes do BOPE torturam e assassinam despertam na maioria das pessoas, principalmente aquelas que foram alvo da violência do crime, uma sensação de vingança, sentimento perigoso quando se trata de uma instituição do estado.

O BOPE e seus similares distribuídos pelo país são um efeito perverso da ausência de políticas sociais eficazes e ininterruptas. A violência gerada nos guetos atinge índices tão alarmantes que não basta mais a polícia comum. É preciso treiná-la em técnicas de guerrilha urbana. Ou seja, o BOPE existe porque estamos em guerra.

Não estou defendendo aqui o crime organizado. Nem assassinos de qualquer natureza. Acho até que o BOPE merece homenagens pela bravura em combate (é guerra, lembram?). Mas daí a transformar o símbolo do BOPE em patrimônio cultural do Rio de Janeiro única e exclusivamente por motivos eleitoreiros é zombar da inteligência dos fluminenses.

O estado do Rio de Janeiro foi transformado ao longo das últimas décadas em um símbolo da concentração de renda no Brasil. A capital foi mergulhada no caos pela falta de atenção de seus governantes e pelo histórico populista de seus prefeitos e governadores.

Que o povo fluminense rechace estas lorotas e se volte para consertar os erros do passado. Que recuperem a dignidade de milhões de cidadãos que a perderam junto com seus filhos, pais e irmãos. Que eles tenham sucesso nessa empreitada, pois a alternativa, senhoras e senhores, são os tristes tempos em que só há heróis de guerra para elogiar.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

O fim de uma era

Fidel Castro renunciou ao poder em Cuba. O último ícone da esquerda mundial vai agora descansar. Seus feitos são lembrados em todos os jornais do mundo. Suas frases estão em todas as reportagens. Ele mal deixa o poder e já se especula o que será de Cuba. Se irá sobreviver como uma nação socialista sem o seu líder.

Tenho pensado bastante sobre o que faz com que um povo se mobilize e renuncie ao status quo que produz miséria e desigualdade. Somente estas mazelas não são suficientes para que a o povo se alie a uma causa. São necessários heróis.

Homens e mulheres que enfrentem os poderes estabelecidos. Que sejam implacáveis com os que praticam injustiças e se beneficiam da miséria alheia. Que acreditem que há muito mais honra e grandeza em viver com o suficiente desde que todos possam fazê-lo do que em nadar em ouro conseguido as custas da miséria alheia. Homens e mulheres assim são capazes de inspirar nações e mudar o mundo. Fidel foi um homem assim.

As críticas ao regime não são infundadas. Foi um estado repressor e implacável com seus inimigos. Estes não ficam atrás. Tentaram matá-lo 638 vezes. A liberdade de imprensa é cerceada e o acesso da população ao desenvolvimento tecnológico é muito limitado.

Mas é um país onde todos comem. Onde todos têm escola. Onde todos têm atendimento médico. Há um certo sentimento de igualdade entre seus cidadãos. E há os que querem sair de lá. Talvez o único ponto em que eu discorde frontalmente. Mas uma frase de Fidel a respeito disso me chamou a atenção: "Os mexicanos e os argentinos que saem de seus países são chamados de imigrantes. Todos os que saem de Cuba são exilados". É pra se pensar.

Semana passada vi uma reportagem sobre a seca no nordeste. Pessoas sem nada, literalmente, lutando para sobreviver no semi-árido. Dependentes de um dinheiro que nunca chega por conta dos desvios e desvarios da classe política brasileira. Mas eles estão lá. Firmes. Com a esperança de que algo mude e eles possam viver com dignidade. Uma situação que se arrasta há séculos e continua sem solução aparente. Em um país com os recursos naturais e riquezas como o nosso isso é inadmissível.

Cuba é um país sem recursos. Uma ilha. Com embargos econômicos que deveriam reduzi-lo a um Haiti ou algo parecido. No entanto eles sobrevivem com índices de desenvolvimento de fazer inveja a países europeus. Como eles fazem isso? Qual é o segredo?

Heroísmo, senhoras e senhores. Cada cubano é o herói de sua própria revolução.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

O Embrião de uma boa idéia

Há inteligência no congresso caro leitor. O que nem sempre acontece é alguém colocá-la em uso. Na última sexta feira o senador Cristóvão Buarque, cujas propostas para a educação mereceram meu voto nas últimas eleições presidenciais, anunciou sua intenção de protocolar um projeto para a criação de uma comissão permanente de investigação do executivo. Não uma CPI mas uma comissão como o conselho de ética.

É o ideal? Ainda não. As investigações teriam caráter exclusivamente político e, como já sabemos, dificilmente essas geram um caso de polícia. Além disso o governo pode interferir na instauração da apuração, uma vez que seria necessária a aprovação de 81 senadores. Mas é um começo.

Se esta comissão fosse acompanhada por uma ouvidoria, que fosse de fato controlada pela sociedade, com todas as denúncias feitas realmente investigadas isso teria um impacto significativo na forma de fazer política no País. O problema é a enxurrada de denúncias que explodiriam, fazendo com que o congresso parasse de vez.

O que precisamos é próximo disso. Comissões permanentes de investigação baseadas em órgãos independentes que não estejam sujeitos às pressões dos governos, sejam eles de que partido forem. Os tribunais de contas é que deveriam desempenhar estas funções. O ideal é que as comissões de parlamentares fiscalizem estes tribunais e exijam que as denúncias sejam de fato investigadas por quem entende do assunto.

Encontraremos entre os parlamentares gente de diversas formações e até de nenhuma formação. Estas pessoas, por mais que representem os desejos e aspirações de seus eleitores não estão preparadas para proceder investigações deste tipo.

Mas é um alívio ver gente propondo algo nesse sentido. Uma sensação de luz no fim do túnel. Um restinho de fé que resiste. Uma esperança.
É um bom jeito de começar uma semana senhoras e senhores. Pena que é raro.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Adagio Sostenuto

Não escrevi nada ontem. Nada tinha a dizer. Hoje, para ser franco, nada mudou. Aí está um motivo para escrever.

Há alguns dias, para ser exato desde a denúncia de irregularidades com os cartões corporativos do governo, uma queda de braço está em andamento. Governo e oposição lutam para controlar a exposição política do oponente. Pura demagogia. E não se ouve falar de mais nada.

Os principais jornais e seus portais na internet além dos principais telejornais só falam de uma coisa. A escaramuça para controlar parte da CPI dos cartões. Não chegam a um acordo e o impasse já começa a se fazer sentir no andamento das atividades dos parlamentares. De morosos passaram a estáticos. Não se vota nada.

Temos que acabar com as CPIs de fachada. Já disseram que não investigam o Barba e sua família, além de livrarem a cara do FHC. Muito bem, pra que serviria a CPI então? Para descobrirmos o óbvio? Que tem, mais uma vez, sacanagem com a utilização do dinheiro público? Ora, façam-me o favor!

Isso é assunto de polícia e é da polícia Federal. Se o ministro da justiça disser que tem que olhar, em 1 mês teríamos os culpados já com a medida do uniforme tirada. E tem que ir preso! A CPI vai botar alguém na cadeia? Não? Então pra que CPI? Dinheiro jogado fora.

O querido leitor faça um teste. Observe uma seção da câmara ou do senado pelas TV´s senado ou congresso. Parece circo! É um tal de elogia este, uma ode àquele, em termos empolados que seguramente nenhum deles entende direito. Não há objetividade nenhuma. Só lero lero.

O país precisa de gente disposta a arregaçar as mangas e partir para cima do problema. Pessoas que realmente tenham compromisso com a coletividade. Que não sejam fantoches do lobby agro-pecuário, industrial ou o que quer que seja. É pedir demais? É , eu sei. Mas é o que precisamos.

O circo está novamente armado. As forças que disputam não o fazem por questões ideológicas, éticas ou por dever cívico. Fazem-no por egocentrismo e vaidade. Fazem-no por poder. Por descaráter.

O mundo todo está preocupado com a desaceleração do crescimento. Há uma crise rondando a economia dos EUA. As nações sérias se preparam. Aumentam o ritmo das mudanças para acompanhar a realidade e suas possibilidades. Modernizam-se. Organizam-se.

Nós continuamos no mesmo andamento senhoras e senhores. Caminhando lenta, mas seguramente para trás.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Jogo de Cena

As denúncias de mau uso do cartão corporativo por autoridades do governo já geram mais discórdia que indignação. Numa manobra astuta a bancada governista tomou a frente para a criação de uma CPI para investigar os desvios. A oposição marcou bobeira e perdeu a chance de capitalizar politicamente sobre o escândalo. Até o Roberto Jefferson já deu uma alfinetadinha aqui e acolá.

Mas a oposição não está disposta a deixar barato. Ameaça não votar nada se a relatoria e a presidência ficarem com o PT e o PMDB, as maiores bancadas. O congresso, que voltou do recesso há menos de 20 dias já está parado. Assuntos importantes aguardam votação, o país precisa andar e os nossos excelentíssimos congressistas ameaçam parar.

Porque não entregam o cargo? Se a indignação é tamanha então que saiam. O Caro leitor sabe quanto custa um parlamentar no Brasil? Coisa de 10 MILHÕES por ano. Isso mesmo, assim com 6 zeros . É muito dinheiro.

Recebi hoje do amigo Valdemir o pequeno vídeo que disponibilizei no fim do post. Vejam. Vale mesmo a pena.

O que interessa aos deputados e senadores não é a solução do caso. São os holofotes. Se o governo vai investigar ou não pela CPI isso não faz a menor diferença. Alguém já viu um deputado ou senado ser preso por causa de CPI? Se e quando isso acontece é pela polícia, depois de julgado. E isso nunca acontece.

Como não tem holofote eles se recusam a votar. Como se tivessem este direito! Como se fossem eleitos para representar seus eleitores NÃO VOTANDO! Tenha a Santa Paciência. Isso não beira o ridículo. Ultrapassa.

É preciso criar com urgência um mecanismo que permita a "demissão" de um parlamentar por meio de votação ou coleta de assinaturas. A impossibilidade de perder o cargo a não ser por meio de seus pares é que gera este tipo de aberração. O Brasil não pode ficar à mercê de pessoas como essas, que colocam seus interesses pessoais ou partidários acima dos interesses da nação.

E tudo isso por causa da festa dos cartões. E a farra acontece também nas esferas estaduais. Vamos parar as assembléias também? Vamos parar tudo? Vamos fechar o país para balanço?

Eles insistem em chamar isso de política senhoras e senhores, mas é puro jogo de cena. O texto é uma comédia mas o resultado é uma tragédia.


P.S.: Ontem não teve post porque este que vos escreve estava em trânsito o dia todo.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Corredores

O Caro Leitor já deve saber que dos corredores de ônibus que a prefeitura pretendia construir nas avenidas Faria Lima, Brás Leme, Sumaré, Celso Garcia e Berrini somente os da Celso Garcia e da Berrini serão construídos. Falta de orçamento? Não. Falta de vontade da prefeitura? Não (é ano de eleição, lembram?). Pasmem, caros leitores, dessa vez foi a cidade quem disse não.

Segundo matéria do Estado de São Paulo de Hoje, (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20080211/not_imp122473,0.php), os comerciantes dessas regiões se colocaram contra a construção dos corredores argumentando que " o comércio ao longo das vias com corredores seria prejudicado, pois os clientes não teriam mais espaço para estacionar".

Pois bem. Que assim seja. É importante respeitar a opinião da maioria. Supondo-se que a maioria seja composta por comerciantes dessas grandes avenidas. Ora, façam-me o favor. Em 10 minutos passam por cada uma dessas avenidas 10 vezes mais pessoas do que todos os comerciantes. Essas pessoas foram ouvidas?

Houve uma audiência pública? Sim houve. Mas como o trabalhador só tem dispensa se for doar sangue, (a CLT não prevê falta justificada por comparecer a uma audiência pública) é claro que só os comerciantes comparaceram.

O poder público precisa começar a agir em benefício da maioria. E a maioria em São Paulo não é de comerciantes, lojistas ou empresários. A maioria não tem carro ou moto. A maioria mora longe, na periferia. A maioria depende do transporte público. A maioria tem o imposto de renda e o INSS descontado diretamente na folha de pagamento e não pode sonegar.

Mas o trabalhador não vai ficar sem nada não. Vamos ganhar corredores virtuais. Isso mesmo. Corredores que aparecem pela manhã, desaparecem após o horário de pico e voltam a tarde.

Claro que não serão construídos novos pontos de ônibus, faixas exclusivas e travessias. Será mais uma "gambiarra" das muitas que nossa cidade tem.

Há centenas de exemplos ao redor do mundo. Soluções criativas e com custos apropriados à realidade paulistana. Basta que se mude a prioridade. Ninguém que tem carro vai deixar de usa-lo para ficar enlatado em um ônibus lotado durante1 hora e meia para chegar ao trabalho. Mas, se houver opção, é seguro que as pessoas deixem seus carros em casas. Afinal de contas dirigir a 20 km/h não é das coisas mais agradáveis.

É isso senhoras e senhores, o metrô não anda por falta de verba e os corredores, ruas e avenidas ficarão parados por falta de bom senso.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Justiça, recursos e discursos.

Amigo Leitor, a justiça federal brasileira tem hoje mais de 9551 processos por juiz de primeiro grau. Os dados são do Conselho da Justiça Federal.

Para um país que há muito tempo pede uma justiça rápida, que garanta os direitos de acusadores e acusados mas não demore 10 anos para decidir sobre algo os números são desencorajadores.

Entra ano e sai ano e não observamos nenhum avanço de fato significativo na reestruturação do poder judiciário. Advogados continuam valendo-se de recursos protelatórios com o único objetivo de postergar o pagamento de direitos. O principal beneficiado por este tipo de subterfúgio legal é o próprio estado.

O direito é a pedra fundamenta de uma sociedade democrática. Sem que os cidadãos tenham a certeza (nem mesmo temos a impressão, observem) de que estão protegidos por um sistema que garanta o ressarcimento por danos causados por outrem, prevalecerá a atitude do "deixa pra lá".

É mais caro, demorado, e extremamente trabalhoso reivindicar seus direitos. Seja em acidente de automóvel ou em um processo trabalhista. É a tática do "ganha mas não leva".

Assistimos todos os dias a histórias de gente que perde tudo por incompetência do poder público e sem nada continua. Outros, com acesso a advogados particulares conseguem receber de volta as suas perdas. Não há assistência a quem não pode pagar o preço, aliás altíssimo.

O Estado deve dar o exemplo. Muitos dos entraves econômicos que impedem investimentos externos no país estão relacionados com insegurança jurídica. O Estado caloteiro não tem mais vez em uma sociedade globalizada. Respeito aos contratos existe só em discurso presidencial.

Ouvimos o tempo todo que a justiça não tem recursos para se modernizar. É um fato. Mas a falta de mobilização do judiciário e do legislativo no sentido de otimizar os recursos existentes é insignificante, quase nula.

Para isso é preciso modificar a estrutura, ou nenhum volume de recursos será suficiente. Nosso judiciário é sim arcaico, tecnologicamente obsoleto e administrativamente ineficiente. Precisamos aumentar os recursos financeiros, mas não sem diminuir os recursos protelatórios.

O resto, senhoras e senhores é só discurso.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Reformular a reforma


O Caro Leitor pode não saber disso mas não existe país que tenha entrado em rota de crescimento do desenvolvimento social sem uma reforma agrária séria.

O caso do Brasil é histórico. Por ser um país de grandes dimensões a percepção da concentração de grandes áreas nas mãos de latifundiários e grileiros é mais difícil. É percebida localmente mas quando tratada no âmbito nacional o problema torna-se tão grande que é realmente difícil de administrar.

No entanto algumas diretrizes precisam ser mudadas. A bancada ruralista é forte no congresso e a luta pelo direito a terra é vista pela maioria das pessoas como algo ilegal, principalmente por nós "homo urbanus", sem maior conhecimento de causa.

Pois bem, o governo resolveu alavancar este processo aumentando a disponibilidade de terras para assentamentos. Só que ao invés de aumentar a desapropriação das imensas extensões improdutivas resolveu comprá-las.

Os índices que definem uma propriedade como improdutiva são de 1975, ou seja, muito antes da maciça mecanização da agricultura. Propriedades com índices de produtividade irrisórios são assim consideradas produtivas, escapando da foice. Para compensar o governo adquire estas extensões e remunera o latifundiário.

Para que projetos de reforma agrária funcionem é necessária a criação de infra-estrutura adequada. O desenvolvimento destas regiões depende de implantação de entrepostos comerciais, saneamento básico, água, luz e educação. O gráfico no início do post mostra que sem a intervenção do estado estas populações terão dificuldades para se organizar por pura falta de conhecimento.

O mesmo documento mostra em outro ponto que 20% dessa população provêm de áreas urbanas. É uma forma de começar a reverter o êxodo rural que tornou as áreas metropolitanas um repositório de gente sem infra-estrutura adequada, tornando o desenvolvimento mais caro e difícil pela expansão desenfreada das periferias.

O combustível renovável é o negócio do século. O País tem hoje uma das mais espetaculares oportunidades para resgatar esta dívida social que tem suas origens no processo de colonização do Brasil. Para isso aconteça é preciso mais que inteligência e organização. É preciso coragem para lutar.

Não contra o grande produtor rural. Este é fundamental para gerar economias de escala e competitividade, mas contra a concentração de poder nas mãos de pessoas que utilizam a terra como ativo sem risco. Estes nada produzem senhoras e senhores, exceto miséria.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Primeiro o mais importante.

Como todo ano o fim do carnaval traz surpresas incríveis ao caro leitor e a este que vos escreve.

Como todo ano caiu o tapa sexo de alguém e alguma escola será exemplarmente punida porque "Nu não pode". Desfilar seminua, com os seios a mostra e uma pequena peça de 10 cm quadrados (quando muito) pode. É a política de tapar o sol com a peneira. Neste caso uma bem pequenininha.

Mas não era disso que eu queria falar. O Barba tirou o olho do gato. Este, como sempre, abocanhou o peixe e deu fuga. Para ninguém saber quem é o gato começou a corrida para a não instalação de uma CPI por causa dos gastos exagerados com os cartões de crédito do governo.

E a coisa deve ser bem mais feia do que parece. Lula baixou a bola até da Ministra da Casa Civil. Os cargos das estatais irão para os indicados pelo PMDB. E não serão técnicos de renomada competência, garanto.

Edison Lobão foi nomeado ministro das minas e energia há alguns dias e já é o principal interlocutor do PMDB com o governo. E faz pressão das fortes para ter seus desejos atendidos. Mas a Ministra não se mostrava disposta a ceder. Mas a sorte sorriu para o Senador. O escândalo dos cartões apareceu, caiu uma secretária com status de ministra, outro se apressou em devolver dinheiro e se justificar. O estrago já estava feito.

O governo está com o rabo preso no congresso há muito tempo. Sabendo que ao negar as exigências dos partidos aliados pode sofrer investigações por todos os lados e ser novamente exposto como foi nos episódios do mensalão, o governo só tem uma saída. Recuar.

Tem o orçamento para ser votado, 40 bilhões mais magro por conta do fim da CPMF. Desaceleração da economia mundial à vista, PAC em andamento, caos na saúde, febre amarela, dengue. Olhando assim dá até para pensar que Dante era um otimista. O que o governo mais precisa hoje é dinheiro. Sem muito desgaste.

Essa é nossa situação senhoras e senhores. As passistas da Acadêmicos do Desfalque rebolam para todos nós. Mas nos indignarmos mesmo só quando cai o tapa sexo.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Política e Polititica

Dando uma passeada pelo site da câmara municipal de São Paulo achei algo que realmente me comoveu.

O vereador Farhat apresentou um projeto de lei que, indubitavelmente, irá modificar a rotina e o dia-a-dia dos 12 milhões de cidadãos paulistanos.

Com o Projeto de Lei nº 822/2007 de 03/12/2007 o ilustre vereador propõe que se inclua no calendário oficial do município o dia do "Atleta de Sinuca e Bilhar".

Não pense o caro leitor que este que vos escreve tem alguma aversão por esporte tão nobre. Periodicamente me reúno com amigos para algumas partidas de bilhar ou sinuca regada a quitutes e biritas. Não sou campeão de nada, não tenho sequer um troféu em casa, aliás minhas habilidades no referido esporte são bastante questionáveis.

O dia do atleta já existe. É 10 de fevereiro. O caro leitor já imaginou se fôssemos criar uma data comemorativa para cada especialidade da medicina? Teríamos o dia do gastrologista, do pneumonologista, do otorrinolaringologista e por aí vai. Ou para advogados. Um para o criminalista, outro para o tributarista e outras tantas especializações que existem na área do direito.

Os nobres deputados, eleitos pelos munícipes, utilizam a estrutura da câmara municipal, que custa milhões por mês aos cofres públicos, para votar projetos desse tipo que, na melhor das hipóteses, não beneficiam ninguém. Imagino que os atletas da sinuca possam ficar chateados com a minha rusga mas, convenhamos, isso não vai fazer a menor diferença na vida de ninguém.

Precisamos fiscalizar este tipo de coisa. Precisamos nos envolver diretamente no processo legislativo sob pena de não vermos aprovadas as reformas importantes que nosso país precisa.

Estamos falando do âmbito municipal. Imaginem o desperdício de tempo e dinheiro na votação de inutilidades como essa que ocorre nas esferas estaduais. Quanto ao congresso e ao senado a preocupação é menor, uma vez que deputados federais e senadores não votam nada mesmo.

Precisamos instituir sim uma data comemorativa nos calendários de todo o Brasil. O dia da extinção do político inútil.

E celebrarmos, aí sim senhoras e senhores, com toda a pompa e circunstância o desaparecimento deste empecilho da vida pública brasileira.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sobre termômetros e termostatos

O amigo leitor certamente é um dos brasileiros que engrossam o coro dos indignados com as despesas de altos funcionários do governo com os cartões corporativos.

Mas estamos salvos. Ontem o TCU decidiu por unanimidade realizar uma devassa nas despesas efetuadas com estes cartões para saber se houve improbidade no uso ou não. A velha política da do cadeado depois do assalto.

Sempre que um fato chama a atenção da mídia toca um apito. E tome sindicância, processo administrativo e corre-orre, tanto para instaurar quanto para segurar uma CPI.

Mas onde estava os ministros e suas equipes quando a gastança estava em andamento? Onde andavam os responsáveis por coibir este tipo de conduta?

O aparelho estatal é extremamente eficiente quando se trata de cobrar os impostos devidos pelos contribuintes. As ferramentas mais sofisticadas cruzam os dados de renda e consumo de cada contribuinte cobra sem dó. Tome malha fina!

Mas quando se trata de fiscalizar a máquina temos estas demonstrações de incompetência. Alguém acha mesmo que, se comprovadas as irregularidades, este dinheiro volta para o caixa do governo? Inocência.

A utilização de empresas de auditoria independente. A criação de equipes especializadas em identificar problemas, provar fraudes e prender e punir os culpados com rito sumário seria uma dos maiores avanços na administração pública brasileira.

Isso deveria ser feito dioturnamente, avaliando a evolução dos gastos em cada rubrica e alertando imediatamente as autarquias competentes ao menor sinal de irregularidade.

Não adianta identificar que o paciente está com 43º de febre. Há pouco a ser feito nesta situação. É preciso identificar o problema no início, antes que se agrave. Precisamos de termostatos, não de termômetros.

O porque dos órgãos fiscalizadores não agirem assim é uma icógnita. Essa sim, senhoras e senhores, é uma questão de segurança nacional.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O melhor lugar do mundo é aqui e agora.



Essa imagem me foi enviada pelo Barba, grande amigo e leitor assíduo do Blog.


Agradeço ao Barba pela mensagem e a todos os leitores pela frequência.


Escrever estes posts é uma experiência nova e recompensadora como poucas das coisas que fiz na vida.


Obrigado a todos, senhoras e senhores.

Roupa suja se lava na TV

O caro leitor que assiste TV aberta com certeza já teve a oportunidade de assistir alguns "talk shows" onde pessoas comuns vão buscar a solução de seus conflitos pessoais e familiares em frente as câmeras e platéias.

São pessoas desesperadas, com a situação familiar ou pessoal em frangalhos , cheias de mágoas e raiva. Vítimas fáceis para a falta de escrúpulos das produções.

Assuntos particulares e delicados são expostos em sessões de "terapia" coletiva ou individual em frente a platéias que, não raro, ofendem os participantes ou os incitam à agressões.

Mães desesperadas pelo comportamento de suas filhas. Esposas desvalorizadas por seus maridos. Casos de infidelidade conjugal de todos os tipos expostos à execração pública como um apedrejar virtual dos "pecadores".

Tudo isso para divertir a turba, que assiste o show com sangue nos olhos. Seguros de que têm alguém para condenar. No que isso difere da Roma antiga e dos castigos públicos praticados pelo extremistas religiosos? Afora a morte certa no final o espetáculo é o mesmo.

Os apresentadores exploram este sentimento de curiosidade com a desgraça da pior forma possível. Como repórteres que exibem as fotos de sangue e cadáveres. Não respeitam o desespero dessas famílias e ainda classificam este absurdo como "utilidade pública".

Vivemos em um país marcado pelas desigualdade social. Alguém alguma vez viu uma pessoa com um nível razoável de educação recorrer a um recurso como este? É óbvio que não.

Estes procuram os consultórios de terapeutas ou psquiatras para resolver seus conflitos. É um trabalho difícil, via de regra demorado, que exige uma mudança de comportamento e percepção só alcançada a partir de um entendimento de seus medos, conflitos e frustrações. Algum leitor encara essa? Só os fortes e destemidos.

Pregar que conflitos deste tipo podem ser resolvidos em uma sessão pública de humilhação é no mínimo propaganda enganosa. Quando não uma afronta a inteligência das pessoas.

A TV brasileira passa hoje por uma fase de profundas mudanças tecnológicas. A internet tornou possível a produção e exibição de uma infinidade de conteúdos. Para todos os gostos. Está em curso uma democratização dessa mídia. No entanto as grandes emissoras abertas ainda detêm o monopólio sobre o que o povo brasileiro, em sua grande maioria, assiste.

Não prego a censura pelo estado. Voltar aos tempos da ditadura sequer passa pela minha cabeça. Foram tempos muito difíceis. Mas é preciso lutar contra este tipo de imprensa.

Enquanto isso a roupa suja pública é lavada a seco. Bem no escurinho pra não desbotar. As manchas desaparecem mas o fedor continua. Como diria seu Antônio: O gambá perde o pelo mas não perde o cheiro.

Não são casos de família senhoras e senhores. É caso de polícia.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Show do milhão

O DataSUS é uma das bases de dados mais confiáveis sobre os índices de morte violenta no Brasil desde 1979. Em 2008 completa 30 anos com um assombroso número. 1 Milhão de assassinatos no Brasil. (Fonte OESP).

Há quem tenha lido os meus posts e contestado. Me chamaram de alarmista e exagerado. Dizer que estamos em guerra é exagero. Os números não mentem caro leitor.

A cada dia que passa a violência vem se banalizando, principalmente entre os jovens. Uma geração inteira sem escola e marcada pelo descaso pela educação começa a dar seus frutos. A próxima será bem pior. Imagine o caro leitor um exército de Champinhas solto nas ruas. Não vai ser mole não.

Ao contrário do que se poderia esperar o campeão não é o RJ ou São Paulo, mas Pernanbuco. Pu seja, onde o descaso com a educação é maior a violência cresce com mais intensidade. O terreno é fértil.

Mas é carnaval. Na semana que vem isso tudo já será letra morta. O saldo do carnaval deve apontar um crescimento no número de homicídios em relação ao ano passado. A mídia dará um pequeno destaque a isso. Ninguém tomará providências e vamos deixar isso pra resolver depois do carnaval do ano que vem.

E como resolver isso? Como estancar essa hemorragia de vidas que priva o país de 1 milhão de seus habitantes a cada 30 anos? Precisamos de um armistício. E isso significa concessões por parte do poder público. Tirem estas crianças das áreas de risco. Coloquem-nas em escolas, 8, 10 horas por dia. Isso não custa tanto assim. Esvaziem as filas no RH da criminalidade.

Chega de projetos de mudança no nome das ruas e pontes. Chega de homenagem para gente que morreu. Chega de fisiologismo e desonestidade. Essa é a guerra na qual todos deveríamos estar no front. Precisamos de homens públicos com vontade. Com conhecimento de administração pública. Com coragem. Com Caráter, assim mesmo, com letra maiúscula.

Não adianta pedir paz senhoras e senhores. O inimigo não entende esta mensagem. Nós criamos ele assim.