sexta-feira, 6 de junho de 2008

Inflação e Distribuição de Renda

A inflação está batendo a nossa porta Amigo Leitor. O dragão que foi o algoz da economia brasileira durante tantos anos ameaça voltar, e dessa vez a responsabilidade maior é do aumento dos alimentos.

Mas a que se deve esta súbita alta? Aos preços estratosféricos do petróleo? A diminuição da área cultivada em função do aumento da produção de bio-combustíveis? Ou a um aumento significativo da demanda por conta dos efeitos da distribuição de renda feita ao longo dos últimos anos no país? Ou a um conjunto dos três fatores?

Do fim para o começo. As áreas plantadas com cana de açúcar no Brasil não são grandes o suficiente para justificar aumentos consistentes como os que vem ocorrendo. Não houve diminuição da safra em consequência do aumento das plantações voltadas para bio-combustíveis, ao contrário, as previsões são de safra record novamente. Sobram o petróleo e a demanda.

O preço do petróleo tem influencia conhecida sobre todos os preços. Seu aumento tem como consequência a alta no preço dos alimentos seja por conta do transporte como por conta de itens como embalagem e armazenamento. É um fator significativo para explicar os aumentos generalizados de preços.

No entanto o fator demanda é algo novo no Brasil. O aumento do consumo por parte das classes D e E é um fenômeno observável ao longo dos últimos anos. No entanto as políticas de incentivo a produção não ocorreram com a mesma intensidade, logo uma pressão inflacionária é inevitável.

O redirecionamento da política agro-pecuária para o o incentivo à agricultura familiar e uma aceleração do processo de reforma agrária são diretrizes que podem surtir efeitos no médio prazo e são soluções duradouras para conter a alta dos preços, mas precisam ser tomadas o quanto antes.

A estimulação da agro-pecuária de ponta é indispensável para manter o país como grande provedor de alimentos para a Europa e EUA, no entanto estes itens estão sujeitos a variação dos preços internacionais, mais vinculados a fatores macroeconômicos que afetem o mundo de forma geral. Internamente, atitudes mais pragmáticas podem surtir efeitos que gerem um "colchão" de forma a tornar o país menos suscetível a grandes variaçãoes no mercado de comodities.

Precisamos produzir mais ou comer menos. A escolha é simples Senhoras e Senhores: Feijão ou Inflação.

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