terça-feira, 8 de julho de 2008

Alvos Móveis

"Insana" Caro Leitor. Assim foi classificada a ação policial no RJ que culminou na morte do menino João Roberto de 3 anos. Mais uma vítima inocente da falta de preparo e da sanha assassina das polícias brasileiras.

Não há muito o que dizer. O caso do RJ é emblemático. Um dos estados mais ricos da federação sofre os efeitos de uma guerra civil. É a barbárie dos traficantes contra o despreparo e a certeza de impunidade dos agentes policiais.

Há poucos dias até mesmo o exército, nossa última esperança, cometeu um crime absurdo ao entregar 3 rapazes para o tribunal do tráfico. Um indício claro de que até mesmo esta instituição, tida pelos brasileiros como uma das mais isentas e eficientes, já foi corrompida pelo poder paralelo da criminalidade.

A reboque destas tragédias o poder público anuncia a criação de uma "universidade de polícia" com o objetivo de formar um corpo mais capacitado e consciente de suas obrigações e limites. A pergunta é: Quem vai dar aula? Quem temos que possa ensinar estes novos policiais a respeitar os direitos dos cidadãos e conter seus impulsos para que não metralhem um carro com uma mãe e duas crianças dentro? Eu não tenho a menor idéia.

Até quando teremos duas polícias? Até quando o espírito marcial será a tônica da formação do policial, preparado para um confronto de vida ou morte, para ações de repressão e combate direto e não para a investigação e prevenção do crime?

Até quando veremos as vidas de inocentes interrompidas por balas perdidas em confrontos abertos nas principais vias do RJ e outras grandes capitais? Até quando assistiremos calados as chacinas que acontecem nas periferias de São Paulo, perpetuadas por agentes tão seguros de sua impunidade que foram capazes de assassinar a sangue frio um de seus próprios comandantes?

O brasileiro médio não se importa. Desde que estas mortes e tragédias ocorram longe de seus condomínios e escolas particulares não faz diferença. Até que isso aconteça com um de seus filhos. Aí sim. Tome ONG, passeata, campanha. Senão não tem importância.

É isso senhoras e senhores. "Qual a paz que eu não quero conservar pra tentar ser feliz?". A escolha é nossa.