sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Brasil Cinza

Fernandinho Beira Mar foi julgado hoje. Sem algemas, a pedido de seu advogado, insistiu que não é responsável pelos crimes porque estava cuidando de seus negócios. Alega ser empresário.

E deve ser mesmo! O cenário político e econômico brasileiro está repleto de empresários de algemas. Zuleido Soares, Naji Nahas, Daniel Dantas e Paulo Maluf e tantos outros que, sob a fachada de empresários, políticos, investidores e outas tantas profissões se tornam criminosos, lesando o erário público e entidades privadas.

Mas o caso do Fernandinho é diferente. Ele é um criminoso conhecido, traficante de drogas e mandante de diversos assassinatos. Na primeira oportunidade que teve criou uma construtora e um depósito de materiais para construção.

Essa é para pensar, Caro Leitor. Pessoas como Beira Mar, na maioria dos casos, nasceram em um ambiente hostil e de baixíssima mobilidade social. As crianças que nascem nas favelas e guetos de grandes metrópoles dificilmente têm condições de sair de lá. São coagidas pelo tráfico, já que a ausência do poder público é absoluta, e entram para as fileiras do crime ainda bem jovens. Não terminam os estudos e raramente entram em uma faculdade. Alguns agora conseguem seguir a carreira de direito, financiadas pelo tráfico que irá precisar de seus serviços no futuro, seja para defendê-los na justiça, seja para servir de mensageiros e mulas entre os presídios.

Mas o que dizer sobre homens como Zuleido, Nahas e Dantas? A maioria deles fez faculdade. Alguns até nasceram em berço de ouro. Tiveram acesso às mehores escolas. Cursos, tutores, carros, roupas e viagens. Tiveram alimentação mais que digna e famílias razoavelmente estruturadas. E o que se tornaram? Bandidos.

E não estou defendendo o Beira Mar não. Ele cometeu e pasmem! Continua cometendo de dentro da cadeia uma série de crimes bárbaros. Que apodreça na cadeia. Mas é hora de tratarmos os criminosos de forma idêntica. As escutas telefônicas utilizadas para prender os peixes grandes já dão origem a polêmicas. Quem assistiu o programa "Opinião Nacional" ontem na TV cultura tem uma idéia do que eu estou dizendo. Grandes cabeças debruçadas sobre o tema para que não se cometam injustiças.

E quando um policial invade um barraco na favela com o pé na porta e arma na mão. Manda todos deitarem no chão e vasculha o recinto a procura de armas e drogas, tudo isso sem mandato. Não é violação de privacidade?

Cada vez mais o "diga-me com quem tu andas e te direi quem tu és" me parece um simples chavão para justificar a nossa cegueira e discriminação. Jesus andava com Judas Senhoras e Senhores e Judas andava com Jesus.

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