quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Por um futuro sustentável


O Amigo Leitor que acompanhou as notícias sobre economia nos últimos dias deve estar eufórico, e com razão. Índices de desemprego há muito almejados, bolsa em franca recuperação, previsão de inflação em queda e pra colocar a cereja no bolo as reservas brasileiras ultrapassaram a dívida externa nacional. Fato inédito na história econômica do país.

A confiança no governo está em alta, apesar das patacadas dos cartões corporativos. Grandes reservas de petróleo a vista e os países fazendo coro para que entremos no G8. Até nisso estamos com sorte. As estimativas de crescimento para este ano são boas, podiam ser melhores, mas não são ruins.

E o que podemos esperar com tudo isso? Não estamos acostumados a tanta notícia boa.

No entanto há um fator que não deve ser esquecido. O crescimento no Brasil se dá de forma desigual. Os estados do "sul maravilha" como dizia Henfil tendem a crescer mais que os do norte e nordeste, onde a fome e a miséria ainda predominam.

Seca, falta de infra-estrutura mínima de educação, saúde e segurança são a tônica em milhares de municípios. Estas pessoas farão o que? Vão migrar, como já aconteceu no passado, para os grandes centros urbanos do sul e sudeste, particularmente São Paulo, Rio de Janeiro e as grandes cidades do interior paulista.

Longe de mim insinuar que a vinda de mão de obra de outros estados é prejudicial per se. São Paulo só a maior cidade da América Latina por conta da brava gente que deixou sua terra para tentar a sorte aqui. Graças a Deus, ou não teria conhecido alguns dos meus melhores amigos, filhos dessa gente. Cabras da peste. Gente inteligente e sabedora das coisas da vida. Eu mesmo sou neto de mineiros, índios e espanhóis, com filhos que além desses incluem alemães e austríacos no seu DNA. Prefiro assim mesmo.Bem misturado.

Este fenômeno é nosso conhecido e têm impactos significativos na organização de grandes cidades, que passam a se expandir desordenadamente, avançando sobre mananciais e áreas de proteção ambiental. Os recursos públicos como hospitais e escolas dificilmente acompanham este crescimento populacional e acabam por derrubar ainda mais os já precários índices de eficiência dos serviços públicos.

O que acontecerá com a parcela desta gente que não encontrar trabalho? Sem onde morar, sem dinheiro e sem perspectiva. Vão ser empurradas para os guetos. E lá ficarão a mercê do crime organizado e da violência do estado. Expostos e indefesos. Infelizmente é assim que acontece. Sempre foi. A tabela no topo da página mostra claramente este comportamento. É evidente a perversidade da relação .

Qual a saída para esta arapuca? Como crescer sem gerar estas mazelas sociais? A resposta é simples mas de difícil implementação. Temos que estimular o crescimento distribuído pelos estados do norte e nordeste. É preciso investir em infra-estrutura, formação e saúde. É preciso desenvolver o país como um todo.

O sertanejo quer sua terra. Quer seu chão. Não deseja vir para cá para sofrer mais do que já sofre lá. Ele quer criar seus filhos e netos na terra onde nasceu. Mas não pode, porque lá não tem sequer o mais básico. A água.

As notícias são ótimas. As perspectivas são melhores ainda. Falta muito para fazer mas certamente é a melhor hora para inverter esta tendência secular. Ou fazemos isso agora senhoras e senhores, ou a história nos perguntará porque perdemos a oportunidade.

3 comentários:

Fred disse...

E ai, cara?
Beleza?
Sensacional. Uma das poucas coisas que valem a pena ser lido nos últimos tempos.

Fred disse...

E ai, cara?
Beleza?
Sensacional. Uma das poucas coisas que valem a pena ser lido nos últimos tempos.

Unknown disse...

Mais uma vez muito bem observado meu caro Energy. O crescimento precisa ser partilhado principalmente entre os mais pobres. De nada adianta crescer igual a china e ter a população rural em baixos níveis de pobresa. Um Abraço!!