Submissão é como a ignorância. Antes de sabermos o que é liberdade ela é, realmente, uma benção. Deixamos de nos preocupar com responsabilidades e sofrer por desejos que jamais sonhamos ser possíves.
A fábula da caverna ilustra isso desde os Gregos, creio eu.
No entanto, nessa sociedade completamente desaglutinada em que vivemos, apesar de conhecermos o exterior da caverna nos mantemos na condição de submissos.
Continuamos dizendo que não adianta. Que isso que está aí nunca vai mudar. Que os poderosos dominam as instituições que, apesar de nossa irrelevante participação, insistimos em chamar de democráticas.
E não nos movemos. E não nos manifestamos. Exceto quando, por obrigação, nos deslocamos até uma urna e colocamos nela nosso voto para a manutenção do estado de coisas, o qual, apesar dos pesares nos permite pagar a escola de nossos filhos e o plano de assistência médica.
Nesse ambiente hostil no qual ainda conseguimos, em 80 meses comprar o carro que nos libertará do compartilhamento com a massa dos metrôs lotados, trens imundos e ônibus inadequados .
A Ilusão é tão grande que, ao menor deslize do estado, retornamos à esta abominável condição de massa. Seja por uma política de juros mal feita, seja pela ausência de planejamento a longo prazo em um setor que nos afete diretamente.
Não há uma guerra lá fora. Há uma escravidão sendo defendida. E nós deixamos de lutar.
Deixamos de nos preocupar com a educação porque nossos filhos estudam em escolas particulares que, salvo raras exceções, ensinam pouco mais do que o necessário para criar bons operários. Longe do que se considera razoável para formar cidadãos.
Deixamos de nos preocupar com hospitais já que, no caso de um infortúnio podemos recorrer aos hospitais particulares, a despeito das brigas judiciais para obter coberturas que foram excluídas à letra miúda.
Brigamos com as escolas e hospitais e não brigamos com o estado. Nos sujeitamos a um serviço público de péssima qualidade, repleto de descaminhos e artimanhas, onde somente pela via da propina é possível obter algum benefício.
Àqueles que ainda não perceberam. Nós pagamos por isso. Pagamos para não participar. Pagamos para não nos envolvermos.
Há autores que defendem que no estado brasileiro não houve mudança desde a colônia. O que mudou foi a matiz dos escravos e o peso dos grilhões. Continuamos sujeitos ao desejo e desmandos de poucos por conta de nossa inapetência para o conflito.
O poder vem do povo. Não temos nos comportado como um.
Um povo precisa saber o que é direito comum. E respeitá-lo. Não o direito do seu filho ou do meu. Mas o direito de todos os brasileiros. Nós não agimos assim.
E enquanto o direito individual sobrepujar o direito de todos. Enquanto a única forma de se obter direitos for a via do poder judiciário e não a do senso comum perdoem-me irmãos brasileiros, mas não seremos um povo.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
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Um comentário:
Profundo!!!
Lamentavel as nossas situaçoes,pois as pessoas acham que pagando mais conssegue o melhor para si mesmo quando nem o mais caro conssegue resolver o problema.A sequela continuara ate percebermos que o mundo não somos nos e sim nós somos o MUNDO.
Becca.
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