terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Samsara

Samsara é um termo usado por algumas religiões orientais para descrever um círculo vicioso. Um conjunto de atitudes que mantêm nossa vida aprisionada em sofrimento.

A polícia do RJ matou, em 2007, 1260 pessoas. Isso levando em conta os números oficiais, sem contar os que foram dados por desaparecidos ou mortos em execuções sumárias.

A ouvidoria da polícia de São Paulo recebeu, apenas no primeiro semestre do ano passado, 1853 denúncias de crimes cometidos por policiais, dessas, 207 foram de assassinatos.

Estamos em guerra senhoras e senhores, que ninguém duvide disso.

Estive na Europa no ano passado pela primeira vez e uma das coisas que mais me impressionaram foi a atitude da polícia. Fui abordado diversas vezes. Em nenhuma o policial sacou uma arma.

Aqui somos frequentemente surpreendidos por policiais que nos abordam com a arma em punho, engatilhada ou com o dedo no gatilho. Agem assim sob a alegação de que não sabem quem é ou não bandido. Ótimo, tratemos todos como se fossem.

Aí eu me pergunto: Precisamos de uma polícia violenta porque somos piores? Um assassino no Brasil é pior que um assassino em Amsterdã? As pessoas valem menos aqui?

Passamos o tempo todo reclamando, assustados com a escalada da violência nas ruas, assaltos, assassinatos em faróis e o diabo.

O que alimenta essa roda viva? Qual o ponto de partida para toda esta violência?

O tempo todo assistimos o aparelho repressor do estado pisando o calo de quem não tem como se defender. Não conhece seus direito? Então não tem. Discordou? Humilha. A lei até pode ser imparcial por aqui mas a justiça é para poucos.

Tratamos criminosos como não tratamos animais. A pena de privação da liberdade transforma-se em humilhação e tortura. Não conseguimos recuperar ninguém. Os que não voltam pra cadeia são os que foram aliciados por igreja evangélicas para serem usados como exemplo.

E os que são detidos por crimes menores são misturados a criminosos violentos. São violentados física e emocionalmente. Saem de lá monstros sedentos por vingança. E se vingam.

Não se trata de defender criminosos e acusar a polícia. O Brasil precisa escolher que tipo de sociedade quer se tornar.

Ou começamos a nos tratar com respeito ou aprofundaremos o sentimento de que o outro é inimigo. Criminosos são nossos adversários nesta luta por uma sociedade de paz e respeito, não nossos inimigos. Inimigo é o outro, o invasor. Inimigo tem que ser morto.

É isso senhoras e senhores ou a guerra. E guerra é guerra.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olá!!
É bacana e bastante incentivador perceber que tem pessoas que tentam fazer alguma coisa em meio a este caos que está o Brasil, e é notório seu amor pelo país.
A grande maioria, está mais preocupada com seus próprios "umbigos", e nem querem pensar que a violência de hoje é um dos maus frutos que estamos colhendo.
Sendo assim, se continuarmos na alienação, não podemos esperar muita melhora e nem cobrar também.
A iniciativa de fazer um blog e dividir suas indignações conosco, nos faz pensar mais sim. Em tempos de tanta correria, é raro parar para pensar sobre isso.
Estou em uma fase bastante Zen, o que tem me proporcionado acontecimentos incríveis, e para mim é certo que é por ai a solução para o Brasil "AMOR".
Não quero ser ingênua, mas acredito que o respeito de que o Emerson se refere, está embutido totalmente no AMOR.
Ou Samsara ou lei da atração, é preciso inverter este ciclo a nosso favor.

Anônimo disse...

Alemão,

Acho que um ponto crucial nessa discussão é que no Brasil as pessoas em geral não tem noção de cidadania, e nem um senso do que seja "direitos humanos".

Boa parte do povo não tem noção de que é "gente", e se não aparecer um grande patriarca ou messias (alguma coisa tipo Martin Luther King ou Subcomandante Marcos) que "acorde", vai continuar a mesma coisa.