O amigo leitor certamente é um dos brasileiros que engrossam o coro dos indignados com as despesas de altos funcionários do governo com os cartões corporativos.
Mas estamos salvos. Ontem o TCU decidiu por unanimidade realizar uma devassa nas despesas efetuadas com estes cartões para saber se houve improbidade no uso ou não. A velha política da do cadeado depois do assalto.
Sempre que um fato chama a atenção da mídia toca um apito. E tome sindicância, processo administrativo e corre-orre, tanto para instaurar quanto para segurar uma CPI.
Mas onde estava os ministros e suas equipes quando a gastança estava em andamento? Onde andavam os responsáveis por coibir este tipo de conduta?
O aparelho estatal é extremamente eficiente quando se trata de cobrar os impostos devidos pelos contribuintes. As ferramentas mais sofisticadas cruzam os dados de renda e consumo de cada contribuinte cobra sem dó. Tome malha fina!
Mas quando se trata de fiscalizar a máquina temos estas demonstrações de incompetência. Alguém acha mesmo que, se comprovadas as irregularidades, este dinheiro volta para o caixa do governo? Inocência.
A utilização de empresas de auditoria independente. A criação de equipes especializadas em identificar problemas, provar fraudes e prender e punir os culpados com rito sumário seria uma dos maiores avanços na administração pública brasileira.
Isso deveria ser feito dioturnamente, avaliando a evolução dos gastos em cada rubrica e alertando imediatamente as autarquias competentes ao menor sinal de irregularidade.
Não adianta identificar que o paciente está com 43º de febre. Há pouco a ser feito nesta situação. É preciso identificar o problema no início, antes que se agrave. Precisamos de termostatos, não de termômetros.
O porque dos órgãos fiscalizadores não agirem assim é uma icógnita. Essa sim, senhoras e senhores, é uma questão de segurança nacional.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Roupa suja se lava na TV
O caro leitor que assiste TV aberta com certeza já teve a oportunidade de assistir alguns "talk shows" onde pessoas comuns vão buscar a solução de seus conflitos pessoais e familiares em frente as câmeras e platéias.
São pessoas desesperadas, com a situação familiar ou pessoal em frangalhos , cheias de mágoas e raiva. Vítimas fáceis para a falta de escrúpulos das produções.
Assuntos particulares e delicados são expostos em sessões de "terapia" coletiva ou individual em frente a platéias que, não raro, ofendem os participantes ou os incitam à agressões.
Mães desesperadas pelo comportamento de suas filhas. Esposas desvalorizadas por seus maridos. Casos de infidelidade conjugal de todos os tipos expostos à execração pública como um apedrejar virtual dos "pecadores".
Tudo isso para divertir a turba, que assiste o show com sangue nos olhos. Seguros de que têm alguém para condenar. No que isso difere da Roma antiga e dos castigos públicos praticados pelo extremistas religiosos? Afora a morte certa no final o espetáculo é o mesmo.
Os apresentadores exploram este sentimento de curiosidade com a desgraça da pior forma possível. Como repórteres que exibem as fotos de sangue e cadáveres. Não respeitam o desespero dessas famílias e ainda classificam este absurdo como "utilidade pública".
Vivemos em um país marcado pelas desigualdade social. Alguém alguma vez viu uma pessoa com um nível razoável de educação recorrer a um recurso como este? É óbvio que não.
Estes procuram os consultórios de terapeutas ou psquiatras para resolver seus conflitos. É um trabalho difícil, via de regra demorado, que exige uma mudança de comportamento e percepção só alcançada a partir de um entendimento de seus medos, conflitos e frustrações. Algum leitor encara essa? Só os fortes e destemidos.
Pregar que conflitos deste tipo podem ser resolvidos em uma sessão pública de humilhação é no mínimo propaganda enganosa. Quando não uma afronta a inteligência das pessoas.
A TV brasileira passa hoje por uma fase de profundas mudanças tecnológicas. A internet tornou possível a produção e exibição de uma infinidade de conteúdos. Para todos os gostos. Está em curso uma democratização dessa mídia. No entanto as grandes emissoras abertas ainda detêm o monopólio sobre o que o povo brasileiro, em sua grande maioria, assiste.
Não prego a censura pelo estado. Voltar aos tempos da ditadura sequer passa pela minha cabeça. Foram tempos muito difíceis. Mas é preciso lutar contra este tipo de imprensa.
Enquanto isso a roupa suja pública é lavada a seco. Bem no escurinho pra não desbotar. As manchas desaparecem mas o fedor continua. Como diria seu Antônio: O gambá perde o pelo mas não perde o cheiro.
Não são casos de família senhoras e senhores. É caso de polícia.
São pessoas desesperadas, com a situação familiar ou pessoal em frangalhos , cheias de mágoas e raiva. Vítimas fáceis para a falta de escrúpulos das produções.
Assuntos particulares e delicados são expostos em sessões de "terapia" coletiva ou individual em frente a platéias que, não raro, ofendem os participantes ou os incitam à agressões.
Mães desesperadas pelo comportamento de suas filhas. Esposas desvalorizadas por seus maridos. Casos de infidelidade conjugal de todos os tipos expostos à execração pública como um apedrejar virtual dos "pecadores".
Tudo isso para divertir a turba, que assiste o show com sangue nos olhos. Seguros de que têm alguém para condenar. No que isso difere da Roma antiga e dos castigos públicos praticados pelo extremistas religiosos? Afora a morte certa no final o espetáculo é o mesmo.
Os apresentadores exploram este sentimento de curiosidade com a desgraça da pior forma possível. Como repórteres que exibem as fotos de sangue e cadáveres. Não respeitam o desespero dessas famílias e ainda classificam este absurdo como "utilidade pública".
Vivemos em um país marcado pelas desigualdade social. Alguém alguma vez viu uma pessoa com um nível razoável de educação recorrer a um recurso como este? É óbvio que não.
Estes procuram os consultórios de terapeutas ou psquiatras para resolver seus conflitos. É um trabalho difícil, via de regra demorado, que exige uma mudança de comportamento e percepção só alcançada a partir de um entendimento de seus medos, conflitos e frustrações. Algum leitor encara essa? Só os fortes e destemidos.
Pregar que conflitos deste tipo podem ser resolvidos em uma sessão pública de humilhação é no mínimo propaganda enganosa. Quando não uma afronta a inteligência das pessoas.
A TV brasileira passa hoje por uma fase de profundas mudanças tecnológicas. A internet tornou possível a produção e exibição de uma infinidade de conteúdos. Para todos os gostos. Está em curso uma democratização dessa mídia. No entanto as grandes emissoras abertas ainda detêm o monopólio sobre o que o povo brasileiro, em sua grande maioria, assiste.
Não prego a censura pelo estado. Voltar aos tempos da ditadura sequer passa pela minha cabeça. Foram tempos muito difíceis. Mas é preciso lutar contra este tipo de imprensa.
Enquanto isso a roupa suja pública é lavada a seco. Bem no escurinho pra não desbotar. As manchas desaparecem mas o fedor continua. Como diria seu Antônio: O gambá perde o pelo mas não perde o cheiro.
Não são casos de família senhoras e senhores. É caso de polícia.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
O Show do milhão
O DataSUS é uma das bases de dados mais confiáveis sobre os índices de morte violenta no Brasil desde 1979. Em 2008 completa 30 anos com um assombroso número. 1 Milhão de assassinatos no Brasil. (Fonte OESP).
Há quem tenha lido os meus posts e contestado. Me chamaram de alarmista e exagerado. Dizer que estamos em guerra é exagero. Os números não mentem caro leitor.
A cada dia que passa a violência vem se banalizando, principalmente entre os jovens. Uma geração inteira sem escola e marcada pelo descaso pela educação começa a dar seus frutos. A próxima será bem pior. Imagine o caro leitor um exército de Champinhas solto nas ruas. Não vai ser mole não.
Ao contrário do que se poderia esperar o campeão não é o RJ ou São Paulo, mas Pernanbuco. Pu seja, onde o descaso com a educação é maior a violência cresce com mais intensidade. O terreno é fértil.
Mas é carnaval. Na semana que vem isso tudo já será letra morta. O saldo do carnaval deve apontar um crescimento no número de homicídios em relação ao ano passado. A mídia dará um pequeno destaque a isso. Ninguém tomará providências e vamos deixar isso pra resolver depois do carnaval do ano que vem.
E como resolver isso? Como estancar essa hemorragia de vidas que priva o país de 1 milhão de seus habitantes a cada 30 anos? Precisamos de um armistício. E isso significa concessões por parte do poder público. Tirem estas crianças das áreas de risco. Coloquem-nas em escolas, 8, 10 horas por dia. Isso não custa tanto assim. Esvaziem as filas no RH da criminalidade.
Chega de projetos de mudança no nome das ruas e pontes. Chega de homenagem para gente que morreu. Chega de fisiologismo e desonestidade. Essa é a guerra na qual todos deveríamos estar no front. Precisamos de homens públicos com vontade. Com conhecimento de administração pública. Com coragem. Com Caráter, assim mesmo, com letra maiúscula.
Não adianta pedir paz senhoras e senhores. O inimigo não entende esta mensagem. Nós criamos ele assim.
Há quem tenha lido os meus posts e contestado. Me chamaram de alarmista e exagerado. Dizer que estamos em guerra é exagero. Os números não mentem caro leitor.
A cada dia que passa a violência vem se banalizando, principalmente entre os jovens. Uma geração inteira sem escola e marcada pelo descaso pela educação começa a dar seus frutos. A próxima será bem pior. Imagine o caro leitor um exército de Champinhas solto nas ruas. Não vai ser mole não.
Ao contrário do que se poderia esperar o campeão não é o RJ ou São Paulo, mas Pernanbuco. Pu seja, onde o descaso com a educação é maior a violência cresce com mais intensidade. O terreno é fértil.
Mas é carnaval. Na semana que vem isso tudo já será letra morta. O saldo do carnaval deve apontar um crescimento no número de homicídios em relação ao ano passado. A mídia dará um pequeno destaque a isso. Ninguém tomará providências e vamos deixar isso pra resolver depois do carnaval do ano que vem.
E como resolver isso? Como estancar essa hemorragia de vidas que priva o país de 1 milhão de seus habitantes a cada 30 anos? Precisamos de um armistício. E isso significa concessões por parte do poder público. Tirem estas crianças das áreas de risco. Coloquem-nas em escolas, 8, 10 horas por dia. Isso não custa tanto assim. Esvaziem as filas no RH da criminalidade.
Chega de projetos de mudança no nome das ruas e pontes. Chega de homenagem para gente que morreu. Chega de fisiologismo e desonestidade. Essa é a guerra na qual todos deveríamos estar no front. Precisamos de homens públicos com vontade. Com conhecimento de administração pública. Com coragem. Com Caráter, assim mesmo, com letra maiúscula.
Não adianta pedir paz senhoras e senhores. O inimigo não entende esta mensagem. Nós criamos ele assim.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
Cachorro com dois donos morre de fome
O Caro leitor já parou para pensar porque somos assim tão relapsos com o nosso voto? Alguém lembra de cabeça o nome de 10 vereadores, para ficar no trivial, que foram eleitos em São Paulo na última votação?
Ou quais os projetos apresentados pelo seu deputado durante os últimos dois anos? Ou como votou seu senador? Se eles têm ou não querelas com a polícia ou com o ministério público?
Creio que não erraria se dissesse que boa parte das pessoas não se interessam por esses aspectos até que a mídia jogue tudo no ventilador, as vezes para cumprir seu papel as vezes para tomar partido. A que podemos atribuir este problema? Falta de interesse, falta confiança na classe política, falta de fé ou falta de cidadania mesmo?
Esperamos que a mídia tome conta para nós. Que o ministério público fiscalize mesmo sem receber denúncias. Mas o processo da justiça é por demais demorado. Precisamos da justiça das urnas, esta sim rápida e rasteira.
Não trabalhou? Tá fora. Apresentou projetos irrelevantes? Tá fora. Se corrompeu? Tá fora. Se envolveu em atividades suspeitas? Tá fora.
Precisamos encontrar meios de mobilizar as pessoas para limpar nossas casas legislativas. Temos que fazer isso de forma transparente, coesa e frequente.
Para que os lobões e lobinhos fiquem longe de lá. Para que nunca mais tenhamos malvadezas e moto-serras. Nem propinodutos, anões, compra de votos e outras mazelas que, ao fim, tornam o nosso país a máquina de injustiças que é.
Os nossos cachorros têm vários donos senhoras e senhores. Ninguém toma conta e eles passam bem com nosso filé.
P.S.: Tenho algumas idéias práticas à respeito disso e devo coloca-las em prática. Mas só a título de curiosidade pus uma pequena pesquisa no fim da página do Blog. Por favor, se puderem, respondam.
Ou quais os projetos apresentados pelo seu deputado durante os últimos dois anos? Ou como votou seu senador? Se eles têm ou não querelas com a polícia ou com o ministério público?
Creio que não erraria se dissesse que boa parte das pessoas não se interessam por esses aspectos até que a mídia jogue tudo no ventilador, as vezes para cumprir seu papel as vezes para tomar partido. A que podemos atribuir este problema? Falta de interesse, falta confiança na classe política, falta de fé ou falta de cidadania mesmo?
Esperamos que a mídia tome conta para nós. Que o ministério público fiscalize mesmo sem receber denúncias. Mas o processo da justiça é por demais demorado. Precisamos da justiça das urnas, esta sim rápida e rasteira.
Não trabalhou? Tá fora. Apresentou projetos irrelevantes? Tá fora. Se corrompeu? Tá fora. Se envolveu em atividades suspeitas? Tá fora.
Precisamos encontrar meios de mobilizar as pessoas para limpar nossas casas legislativas. Temos que fazer isso de forma transparente, coesa e frequente.
Para que os lobões e lobinhos fiquem longe de lá. Para que nunca mais tenhamos malvadezas e moto-serras. Nem propinodutos, anões, compra de votos e outras mazelas que, ao fim, tornam o nosso país a máquina de injustiças que é.
Os nossos cachorros têm vários donos senhoras e senhores. Ninguém toma conta e eles passam bem com nosso filé.
P.S.: Tenho algumas idéias práticas à respeito disso e devo coloca-las em prática. Mas só a título de curiosidade pus uma pequena pesquisa no fim da página do Blog. Por favor, se puderem, respondam.
Ajude se Puder
Oi Pessoal,
Este é o Sr. JUSTINO TESTA AVONA, 76 anos.
Branco, cabelos grisalhos, curto e liso, um pouco calvo, usa óculos.
Trajes: bermuda azul marinho, camisa pólo branca e cinza claro (listrada), meia e tênis brancos, óculos de grau e relógio.
Saiu para comprar pães, às 7h30, do dia 15/01/2008 nas imediações do bairro Terra Nova, em São Bernardo do Campo, próximo aos restaurantes Demarchi.
Trajes: bermuda azul marinho, camisa pólo branca e cinza claro (listrada), meia e tênis brancos, óculos de grau e relógio.
Saiu para comprar pães, às 7h30, do dia 15/01/2008 nas imediações do bairro Terra Nova, em São Bernardo do Campo, próximo aos restaurantes Demarchi.
Morou mais de 25 anos, no Jardim da Saúde (Av. do Cursino), em São Paulo/SP.
Qualquer notícia, favor informar os filhos:
Juliana – (11) 8121-8238
Luciano – (11) 9277-8262
Eliana – (11) 4396-4252
Juliana – (11) 8121-8238
Luciano – (11) 9277-8262
Eliana – (11) 4396-4252
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
A vacina para a crise
Em meio as turbulências e ao pânico causados pelos erros do FED o Brasil se mostra tranquilo em vista de outros países.
A despeito das quedas na bolsa de valores, decorrentes das movimentações da capital necessárias à acomodação dos lucros e prejuízos de investidores ao redor do mundo a crise aparentemente não afetará profundamente a economia real brasileira.
É uma situação nova para o brasileiro. Estamos acostumados com a contaminação imediata da economia por crises externas, haja vista o México, Rússia, Argentina, etc. Dessa vez temos reservas em dólar suficientes, contas externas em relativo equilíbrio, economia crescendo e um clima de tranquilidade política. O resultado está aí para quem quiser ver.
No entanto a perspectiva de uma recessão nos EUA e uma consequente diminuição da atividade econômica no planeta pode sim ter efeitos no crescimento da economia brasileira no médio prazo. A vacina é o crescimento do mercado interno.
Os investimentos do PAC aliados a uma política de fomento à atividade industrial, pode conter uma tendência de aumento da pressão inflacionária pelo lado da demanda. Estes mesmo projetos, ao influenciar diretamente no crescimento do emprego e consequentemente da massa salarial, tornaria o País menos exposto a uma eventual diminuição das exportações.
Resta saber se o planejamento destas ações aparentemente já em curso será efetivamente levado a cabo com seriedade ou se perderá na teia de fisiologismos e troca de cargos em função das alianças políticas de última hora que o governo, sem maioria no senado, foi obrigado a fazer.
É um momento único na história recente do Brasil. Comemoremos pois, senhoras e senhores. Mas com um olho no gato e outro no peixe.
A despeito das quedas na bolsa de valores, decorrentes das movimentações da capital necessárias à acomodação dos lucros e prejuízos de investidores ao redor do mundo a crise aparentemente não afetará profundamente a economia real brasileira.
É uma situação nova para o brasileiro. Estamos acostumados com a contaminação imediata da economia por crises externas, haja vista o México, Rússia, Argentina, etc. Dessa vez temos reservas em dólar suficientes, contas externas em relativo equilíbrio, economia crescendo e um clima de tranquilidade política. O resultado está aí para quem quiser ver.
No entanto a perspectiva de uma recessão nos EUA e uma consequente diminuição da atividade econômica no planeta pode sim ter efeitos no crescimento da economia brasileira no médio prazo. A vacina é o crescimento do mercado interno.
Os investimentos do PAC aliados a uma política de fomento à atividade industrial, pode conter uma tendência de aumento da pressão inflacionária pelo lado da demanda. Estes mesmo projetos, ao influenciar diretamente no crescimento do emprego e consequentemente da massa salarial, tornaria o País menos exposto a uma eventual diminuição das exportações.
Resta saber se o planejamento destas ações aparentemente já em curso será efetivamente levado a cabo com seriedade ou se perderá na teia de fisiologismos e troca de cargos em função das alianças políticas de última hora que o governo, sem maioria no senado, foi obrigado a fazer.
É um momento único na história recente do Brasil. Comemoremos pois, senhoras e senhores. Mas com um olho no gato e outro no peixe.
Desaforo Previlegiado
O amigo leitor que por qualquer motivo que seja teve seu nome enviado ao SPC conhece o que é ser preterido para uma série de atividades.
Não se pode ter cheque, cartão de crédito, carro financiado e muitas empresas checam este dado. Quem deve não pode sequer trabalhar.
Uma multidão de pessoas que tiveram problemas com a justiça, mesmo os delitos mais simples são impedidas de trabalhar. Ficam marcadas por toda a vida.
Aguardam anos pelo julgamento, muitas vezes cumprindo pena em cadeias superlotadas ou penitenciárias que são pouco mais que campos de refugiados.
Agora temos um novo ministro das Minas e Energia. O Senador Edison Lobão.
O senador responde por processos na justiça de todo tipo. Crime ambiental, envolvimento com laranjas, e suspeita de intervenção em processos de investigação de assassinatos.
E porquê, amigo leitor, o senador ainda está lá. A resposta é simples: Fidelidade.
Não a fidelidade partidária ou a fidelidade ao compromisso assumido com seus eleitores. Fidelidade ao clã Sarney, que tanto mal já fez à este país. É das famílias mais ricas do norte, com acesso a uma rede de mídia em rádio e televisão capaz de eleger ou derrubar qualquer liderança política.
Mas estas pessoas têm o chamado "foro privilegiado". Só podem ser julgadas pelo pelo STF cujos ministros são indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo senado. Um clássico exemplo de conflitos de interesse.
Este tipo de privilégio é que sustenta esta elite de criminosos. Inimigos públicos de tudo que é público. São mais de 700 pessoas que, a despeito de quaisquer ações, não podem ser julgadas pela justiça comum, como todos os outros brasileiros.
É hora de acabar com esta aberração. A restauração da confiança nas instituições públicas brasileiras tem de passar por aí. Como um "serviço de proteção ao crédito político".
Fizemos o depósito de nossa confiança para o bem de todos, senhoras e senhores. Eles sacam em proveito próprio.
Não se pode ter cheque, cartão de crédito, carro financiado e muitas empresas checam este dado. Quem deve não pode sequer trabalhar.
Uma multidão de pessoas que tiveram problemas com a justiça, mesmo os delitos mais simples são impedidas de trabalhar. Ficam marcadas por toda a vida.
Aguardam anos pelo julgamento, muitas vezes cumprindo pena em cadeias superlotadas ou penitenciárias que são pouco mais que campos de refugiados.
Agora temos um novo ministro das Minas e Energia. O Senador Edison Lobão.
O senador responde por processos na justiça de todo tipo. Crime ambiental, envolvimento com laranjas, e suspeita de intervenção em processos de investigação de assassinatos.
E porquê, amigo leitor, o senador ainda está lá. A resposta é simples: Fidelidade.
Não a fidelidade partidária ou a fidelidade ao compromisso assumido com seus eleitores. Fidelidade ao clã Sarney, que tanto mal já fez à este país. É das famílias mais ricas do norte, com acesso a uma rede de mídia em rádio e televisão capaz de eleger ou derrubar qualquer liderança política.
Mas estas pessoas têm o chamado "foro privilegiado". Só podem ser julgadas pelo pelo STF cujos ministros são indicados pelo Presidente da República e aprovados pelo senado. Um clássico exemplo de conflitos de interesse.
Este tipo de privilégio é que sustenta esta elite de criminosos. Inimigos públicos de tudo que é público. São mais de 700 pessoas que, a despeito de quaisquer ações, não podem ser julgadas pela justiça comum, como todos os outros brasileiros.
É hora de acabar com esta aberração. A restauração da confiança nas instituições públicas brasileiras tem de passar por aí. Como um "serviço de proteção ao crédito político".
Fizemos o depósito de nossa confiança para o bem de todos, senhoras e senhores. Eles sacam em proveito próprio.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
O Futuro do pretérito
Um em cada 5 jovens entre 18 e 29 anos que moram em áreas urbanas não têm sequer o ensino fundamental concluído. Os que concluem esta etapa no ensino público não têm condições de ler adequadamente um jornal. Este é o quadro da educação no Brasil. Descaso e ineficiência.
Pergunto a mim mesmo e ao caro leitor onde irão parar estas pessoas? Qual será o seu papel em uma sociedade que exige cada vez mais conhecimento até para as atividades básicas do dia a dia como pegar um ônibus ou operar um caixa eletrônico de banco?
A resposta é simples. Na cadeia ou no cemitério.
Em cada semáforo da cidade, em cada viaduto, praça ou estação de trem é inevitável encontrar crianças e adolescentes deixados à sua própria sorte por famílias desestruturadas pelo desemprego e pela miséria.
Imagine sua vida caro leitor sem lençóis limpos. Sem aquele cheirinho de "casa da mamãe". Sem café da manhã, sem lancheira, sem aniversário.
Sem cadernos, professores e sem escola. Pense como seria crescer entre o lixo e os ratos das favelas ou dormir em uma calçada por anos a fio. "Sem carinho e sem coberta".
Pense em todos os nãos que crianças como essas ouvem ao longo do dia de motoristas assustados que fecham seus vidros à miséria delas a cada abrir e fechar do farol. Em quantos desejos frustrados e violências sofridas. Em quantos tapas e chutes da "meganha" que os trata como homens. Quantas garotas grávidas aos 12 anos prostituindo-se em troca de comida, roupas ou drogas. Tudo isso por absoluta falta de opção.
O caro leitor que já entrou em uma favela sabe do que vou dizer. Favela tem um cheiro característico. Não é cheiro de pobreza ou lixo. É o cheiro da tristeza.
E o que estamos fazendo? Estamos perpetuando este modelo de sociedade. Estamos criando as fileiras de um exército que, na primeira oportunidade, vai estar nos nossos pescoços com uma arma, exigindo nossos relógios e carros. E tomando as vidas de nossos filhos.
O ultimo censo sobre a população carcerária é de 2003. Eram 290 mil pessoas. Dos 34 milhões de jovens em áreas urbanas 7,4 milhões terão dificuldades em se integrar à sociedade por falta de estudo. Se 10% desses jovens escolherem a carreira do crime teremos mais 740 mil. Duas vezes e meia a população carcerária atual.
A escolha é nossa, senhoras e senhores. Ou as escolas funcionam ou em 15 anos não teremos mais onde nos esconder.
Pergunto a mim mesmo e ao caro leitor onde irão parar estas pessoas? Qual será o seu papel em uma sociedade que exige cada vez mais conhecimento até para as atividades básicas do dia a dia como pegar um ônibus ou operar um caixa eletrônico de banco?
A resposta é simples. Na cadeia ou no cemitério.
Em cada semáforo da cidade, em cada viaduto, praça ou estação de trem é inevitável encontrar crianças e adolescentes deixados à sua própria sorte por famílias desestruturadas pelo desemprego e pela miséria.
Imagine sua vida caro leitor sem lençóis limpos. Sem aquele cheirinho de "casa da mamãe". Sem café da manhã, sem lancheira, sem aniversário.
Sem cadernos, professores e sem escola. Pense como seria crescer entre o lixo e os ratos das favelas ou dormir em uma calçada por anos a fio. "Sem carinho e sem coberta".
Pense em todos os nãos que crianças como essas ouvem ao longo do dia de motoristas assustados que fecham seus vidros à miséria delas a cada abrir e fechar do farol. Em quantos desejos frustrados e violências sofridas. Em quantos tapas e chutes da "meganha" que os trata como homens. Quantas garotas grávidas aos 12 anos prostituindo-se em troca de comida, roupas ou drogas. Tudo isso por absoluta falta de opção.
O caro leitor que já entrou em uma favela sabe do que vou dizer. Favela tem um cheiro característico. Não é cheiro de pobreza ou lixo. É o cheiro da tristeza.
E o que estamos fazendo? Estamos perpetuando este modelo de sociedade. Estamos criando as fileiras de um exército que, na primeira oportunidade, vai estar nos nossos pescoços com uma arma, exigindo nossos relógios e carros. E tomando as vidas de nossos filhos.
O ultimo censo sobre a população carcerária é de 2003. Eram 290 mil pessoas. Dos 34 milhões de jovens em áreas urbanas 7,4 milhões terão dificuldades em se integrar à sociedade por falta de estudo. Se 10% desses jovens escolherem a carreira do crime teremos mais 740 mil. Duas vezes e meia a população carcerária atual.
A escolha é nossa, senhoras e senhores. Ou as escolas funcionam ou em 15 anos não teremos mais onde nos esconder.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
O público é privado.
O leitor que passar pela marginal pinheiros vai se surpreender com uma gigantesca construção de mais de 130 metros de altura. É a nova ponte que interligará a avenida Ágras Espraiadas à Marginal do Rio Pinheiros. Essa é a avenida que o Maluf fez a um custo superior ao do canal submarino construído na Europa.
Pois bem, vamos aos números. A Gigantesca obra custará aos cofres públicos a bagatela de 230 milhões de reais. E Este é o custo estimado, sem computar eventuais atrasos ou modificações de emergência no projeto.
Pois bem, em 2008 São Paulo deve ganhar mais 53 quilômetros de corredores de ônibus. O custo total das obras é de 314 milhões de reais.
Ponderemos caros leitores. É importante uma ponte que interligue a avenida às marginais? Sim é importante. A região é um dos centros comerciais mais importantes de São Paulo. Mas a pergunta é: Quem se beneficia deste investimento? Quem anda de carro. A Ponte certamente não será um corredor de ônibus.
Temos a maior frota da América Latina nas ruas. Rodízio, poluição, metrôs e trens lotados e aplicamos em uma única obra que vai beneficiar quase que exclusivamente o transporte individual uma quantia suficiente para construir mais 47 quilômetros de corredores de ônibus.
Será mesmo que no batalhão de engenheiros de trânsito e urbanistas que compõem a equipe da prefeitura ninguém gritou o absurdo que isso significa? E se gritou porque não foi ouvido?
Os interesses privados mais uma vez se sobrepõem ao interesse comunitário. A região foi extremamente valorizada, há edifícios gigantescos em construção na região.
Alguns podem argumentar que, uma vez que o volume de pessoas na região deve aumentar em função da concentração de empresas se torna necessário este tipo de obra. Porque não restringir esta concentração e fazer com que as empresas se desloquem para a periferia? Isso sim desafogaria o trânsito e o metrô.
Mas o dinheiro para estas obras veio dos nossos bolsos. Do nosso IPTU e do ISS que cada cidadão paga. Se são necessárias de obras como essa para viabilizar empreendimentos imobiliários de alto padrão e custo eles que façam o investimento.
Quem manda na nossa cidade é o mercado imobiliário e não os cidadãos. E eles constroem como querem. O poder público simplesmente reage.
E assim a vida segue senhoras e senhores. Bem devagar e só das 10:00 as 17:00.
Pois bem, vamos aos números. A Gigantesca obra custará aos cofres públicos a bagatela de 230 milhões de reais. E Este é o custo estimado, sem computar eventuais atrasos ou modificações de emergência no projeto.
Pois bem, em 2008 São Paulo deve ganhar mais 53 quilômetros de corredores de ônibus. O custo total das obras é de 314 milhões de reais.
Ponderemos caros leitores. É importante uma ponte que interligue a avenida às marginais? Sim é importante. A região é um dos centros comerciais mais importantes de São Paulo. Mas a pergunta é: Quem se beneficia deste investimento? Quem anda de carro. A Ponte certamente não será um corredor de ônibus.
Temos a maior frota da América Latina nas ruas. Rodízio, poluição, metrôs e trens lotados e aplicamos em uma única obra que vai beneficiar quase que exclusivamente o transporte individual uma quantia suficiente para construir mais 47 quilômetros de corredores de ônibus.
Será mesmo que no batalhão de engenheiros de trânsito e urbanistas que compõem a equipe da prefeitura ninguém gritou o absurdo que isso significa? E se gritou porque não foi ouvido?
Os interesses privados mais uma vez se sobrepõem ao interesse comunitário. A região foi extremamente valorizada, há edifícios gigantescos em construção na região.
Alguns podem argumentar que, uma vez que o volume de pessoas na região deve aumentar em função da concentração de empresas se torna necessário este tipo de obra. Porque não restringir esta concentração e fazer com que as empresas se desloquem para a periferia? Isso sim desafogaria o trânsito e o metrô.
Mas o dinheiro para estas obras veio dos nossos bolsos. Do nosso IPTU e do ISS que cada cidadão paga. Se são necessárias de obras como essa para viabilizar empreendimentos imobiliários de alto padrão e custo eles que façam o investimento.
Quem manda na nossa cidade é o mercado imobiliário e não os cidadãos. E eles constroem como querem. O poder público simplesmente reage.
E assim a vida segue senhoras e senhores. Bem devagar e só das 10:00 as 17:00.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
Estamos todos doentes
O caro leitor desta página provavelmente não tem idéia de quanto o SUS- Sistema único de saúde repassa para um hospital conveniado, como por exemplo as Santas Casas.
Imagine que, por uma consulta, o hospital recebe R$ 7,55, dos quais R$ 5,00 são repassados ao médico e o restante ao hospital para custear a infra-estrutura.
Cinco reais. É o que recebe um médico depois de estudar por quase 10 anos. E o que está em risco não é um carro ou eletrodoméstico. É a vida de um cidadão que pagou impostos a vida toda.
A pergunta é simples. Quanto de seu tempo um médico dedicaria a analizar o estado de um paciente? Ok, ok, ok. Há o juramento de Hipócrates, a responsabilidade profissional, etc. Mas não são os médicos também seres humanos? Sujeitos as mesmas ambições e necessidades? Devemos esperar dessas pessoas que trabalhem quase que por filantropia?
Vamos calcular?
Uma consulta simples, sem um histórico detalhado do paciente ou em um caso em que o problema é evidente deve durar por volta de 10 minutos.
Logo:
6 consultas por hora
8 horas por dia
20 dias por mês
O Médico ganha ao fim do mês R$ 1056,00 (sem os devidos descontos). Menos de três salários mínimos por 10 anos de estudo árduo e a responsabilidade de uma vida. Não é minimamente razoável.
Acrescente a isso as péssimas condições dos hospitais, a falta de aparelhagem e a imensa carga de trabalho. O resultado é o que todos nós conhecemos. O cidadão que precisa de assistência médica tem que pagar um plano de saúde.
Vamos a outra conta?
Se dividíssemos o orçamento anunciado para a saúde pela população atual do Brasil chegaríamos a algo em torno de R$ 236,00. Suficientes para pagar um excelente plano de saúde de um adulto por volta dos 35 anos. É uma simplificação? Sim, é verdade. Mas dá uma idéia do volume de dinheiro aplicado em saúde no país.
E o que temos hoje? Gente sendo tratada em corredores, calçadas e bancos. Salas de cirurgia completamente desequipadas e ambulatórios sem médicos e profissionais de apoio.
O SUS transferiu para a a iniciativa privada o atendimento de quem, por ter um nível de escolaridade melhor, reivindica um atendimento digno. Atendem quem não tem noção de que seus direitos estão sendo brutalmente violados.
Licitações fraudulentas, péssimo planejamento das ações preventivas (entra ano, sai ano e a dengue está aí novamente), gestão irresponsável e uma lista imensa de demonstrações da incapacidade do poder público em gerenciar recursos.
E quando pensamos que não o governo anuncia com toda a pompa e circunstância que o SUS agora dará cobertura à cirurgias de mudança de sexo. Sem nenhum preconceito quanto a necessidade dessas pessoas que já é reconhecida por todas as agências de saúde sérias ao redor do mundo. Estes também não serão atendidos.
O SUS não cobre nada senhoras e senhores. Exceto o Brasil de vergonha.
Imagine que, por uma consulta, o hospital recebe R$ 7,55, dos quais R$ 5,00 são repassados ao médico e o restante ao hospital para custear a infra-estrutura.
Cinco reais. É o que recebe um médico depois de estudar por quase 10 anos. E o que está em risco não é um carro ou eletrodoméstico. É a vida de um cidadão que pagou impostos a vida toda.
A pergunta é simples. Quanto de seu tempo um médico dedicaria a analizar o estado de um paciente? Ok, ok, ok. Há o juramento de Hipócrates, a responsabilidade profissional, etc. Mas não são os médicos também seres humanos? Sujeitos as mesmas ambições e necessidades? Devemos esperar dessas pessoas que trabalhem quase que por filantropia?
Vamos calcular?
Uma consulta simples, sem um histórico detalhado do paciente ou em um caso em que o problema é evidente deve durar por volta de 10 minutos.
Logo:
6 consultas por hora
8 horas por dia
20 dias por mês
O Médico ganha ao fim do mês R$ 1056,00 (sem os devidos descontos). Menos de três salários mínimos por 10 anos de estudo árduo e a responsabilidade de uma vida. Não é minimamente razoável.
Acrescente a isso as péssimas condições dos hospitais, a falta de aparelhagem e a imensa carga de trabalho. O resultado é o que todos nós conhecemos. O cidadão que precisa de assistência médica tem que pagar um plano de saúde.
Vamos a outra conta?
Se dividíssemos o orçamento anunciado para a saúde pela população atual do Brasil chegaríamos a algo em torno de R$ 236,00. Suficientes para pagar um excelente plano de saúde de um adulto por volta dos 35 anos. É uma simplificação? Sim, é verdade. Mas dá uma idéia do volume de dinheiro aplicado em saúde no país.
E o que temos hoje? Gente sendo tratada em corredores, calçadas e bancos. Salas de cirurgia completamente desequipadas e ambulatórios sem médicos e profissionais de apoio.
O SUS transferiu para a a iniciativa privada o atendimento de quem, por ter um nível de escolaridade melhor, reivindica um atendimento digno. Atendem quem não tem noção de que seus direitos estão sendo brutalmente violados.
Licitações fraudulentas, péssimo planejamento das ações preventivas (entra ano, sai ano e a dengue está aí novamente), gestão irresponsável e uma lista imensa de demonstrações da incapacidade do poder público em gerenciar recursos.
E quando pensamos que não o governo anuncia com toda a pompa e circunstância que o SUS agora dará cobertura à cirurgias de mudança de sexo. Sem nenhum preconceito quanto a necessidade dessas pessoas que já é reconhecida por todas as agências de saúde sérias ao redor do mundo. Estes também não serão atendidos.
O SUS não cobre nada senhoras e senhores. Exceto o Brasil de vergonha.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
Enxugando Gelo
Se o leitor sair às ruas perguntando qual o maior problema percebido pelo cidadão de uma grande cidade a segurança certamente será um dos primeiros.
E qual a base de sustentação do chamado "crime organizado"? Certamente o tráfico de drogas é uma das principais fontes de financiamento do arsenal utilizado pelas quadrilhas e facções criminosas.
Este dinheiro, algo em torno de 300 bilhões de dólares anuais no mundo todo financia muito mais que armas. Financia a corrupção da polícia e do judiciário.
Além disso gera uma remuneração que atrai às suas fileiras um exército de adolescentes e crianças que, seduzidos com a perspectiva de ganhar em 1 dia o que um office-boy ou um aprendiz leva 1 mês para ganhar, expõem-se a todo tipo de violência, tanto dos traficantes como da polícia.
Sou economista, portanto a lei da oferta e demanda está embutida em todo raciocínio que faço. É a demanda que determina a oferta, ou seja, sem um mercado consumidor não há incentivo à oferta. Porém, na presença da demanda a oferta aparece e é tão mais forte quanto maior o preço.
O modelo de política de combate ao tráfico que se tenta implementar no Brasil é baseado nas políticas dos EUA ou seja, reprimir a oferta. Esta insistência faz com que a demanda continue a mesma e o preço aumente, incentivando a entrada de novos produtores e fortalecendo o poder econômico dos cartéis.
A tentativa dos EUA de proibir a bebida não funcionou e deu poder adicional à máfia, colocando o cidadão comum, que tomava seus tragos clandestinamente na condição de criminoso.
Qualquer modelo que se baseie na redução da oferta está fadado ao fracasso. Enquanto isso nossos jovens estão morrendo e nossas cadeias entupidas de pequenos traficantes.
No entanto é possível entrar em qualquer boteco e tomar umas doses de cachaça por 50 centavos. Isso não é crime apesar do álcool ser a principal causa de doenças relacionadas a dependência química e acidentes de trânsito. É uma discussão filosófica? É. Mas já passou da hora de discutirmos isso com mais seriedade.
Quem não quer a legalização? A classe média. A mesma classe média cujos filhos vão às "bocadas" na madrugada ou utilizam os disk-drogas que todos nós sabemos existir. E as famílias quatrocentonas, com suas fortunas construídas pelo extermínio de índios e exploração da escravidão se chocam com a idéia de uma farmácia vender cocaína. Ora, façam-me o favor!
A liberação da cocaína levaria a um aumento de consumo? Inicialmente sim.
Mas imaginemos que as enormes cifras aplicadas na repressão ao tráfico sejam aplicadas em educação e tratamento.
Que a cada intervalo comercial de um desenho na tv uma campanha ampla de conscientização da petizada fosse colocada em prática.
Que as escolas tivessem uma matéria específica para o assunto.
Que cada bala, chiclete ou chocolate contivesse uma mensagem forte de desestímulo ao consumo de drogas e álcool.
Que em cada escola houvesse um profissional preparado para lidar com o problema e clínicas de recuperação gratuitas a disposição das comunidades.
O que aconteceria em 10 ou 15 anos? O consumo baixaria significativamente. Isso já foi provado com o cigarro. O custo não seria baixo mas com certeza o número de mortos em ambos os lados seria menor.
Chega de hipocrisia senhoras e senhores. Este sim é um vício devastador.
E qual a base de sustentação do chamado "crime organizado"? Certamente o tráfico de drogas é uma das principais fontes de financiamento do arsenal utilizado pelas quadrilhas e facções criminosas.
Este dinheiro, algo em torno de 300 bilhões de dólares anuais no mundo todo financia muito mais que armas. Financia a corrupção da polícia e do judiciário.
Além disso gera uma remuneração que atrai às suas fileiras um exército de adolescentes e crianças que, seduzidos com a perspectiva de ganhar em 1 dia o que um office-boy ou um aprendiz leva 1 mês para ganhar, expõem-se a todo tipo de violência, tanto dos traficantes como da polícia.
Sou economista, portanto a lei da oferta e demanda está embutida em todo raciocínio que faço. É a demanda que determina a oferta, ou seja, sem um mercado consumidor não há incentivo à oferta. Porém, na presença da demanda a oferta aparece e é tão mais forte quanto maior o preço.
O modelo de política de combate ao tráfico que se tenta implementar no Brasil é baseado nas políticas dos EUA ou seja, reprimir a oferta. Esta insistência faz com que a demanda continue a mesma e o preço aumente, incentivando a entrada de novos produtores e fortalecendo o poder econômico dos cartéis.
A tentativa dos EUA de proibir a bebida não funcionou e deu poder adicional à máfia, colocando o cidadão comum, que tomava seus tragos clandestinamente na condição de criminoso.
Qualquer modelo que se baseie na redução da oferta está fadado ao fracasso. Enquanto isso nossos jovens estão morrendo e nossas cadeias entupidas de pequenos traficantes.
No entanto é possível entrar em qualquer boteco e tomar umas doses de cachaça por 50 centavos. Isso não é crime apesar do álcool ser a principal causa de doenças relacionadas a dependência química e acidentes de trânsito. É uma discussão filosófica? É. Mas já passou da hora de discutirmos isso com mais seriedade.
Quem não quer a legalização? A classe média. A mesma classe média cujos filhos vão às "bocadas" na madrugada ou utilizam os disk-drogas que todos nós sabemos existir. E as famílias quatrocentonas, com suas fortunas construídas pelo extermínio de índios e exploração da escravidão se chocam com a idéia de uma farmácia vender cocaína. Ora, façam-me o favor!
A liberação da cocaína levaria a um aumento de consumo? Inicialmente sim.
Mas imaginemos que as enormes cifras aplicadas na repressão ao tráfico sejam aplicadas em educação e tratamento.
Que a cada intervalo comercial de um desenho na tv uma campanha ampla de conscientização da petizada fosse colocada em prática.
Que as escolas tivessem uma matéria específica para o assunto.
Que cada bala, chiclete ou chocolate contivesse uma mensagem forte de desestímulo ao consumo de drogas e álcool.
Que em cada escola houvesse um profissional preparado para lidar com o problema e clínicas de recuperação gratuitas a disposição das comunidades.
O que aconteceria em 10 ou 15 anos? O consumo baixaria significativamente. Isso já foi provado com o cigarro. O custo não seria baixo mas com certeza o número de mortos em ambos os lados seria menor.
Chega de hipocrisia senhoras e senhores. Este sim é um vício devastador.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Samsara
Samsara é um termo usado por algumas religiões orientais para descrever um círculo vicioso. Um conjunto de atitudes que mantêm nossa vida aprisionada em sofrimento.
A polícia do RJ matou, em 2007, 1260 pessoas. Isso levando em conta os números oficiais, sem contar os que foram dados por desaparecidos ou mortos em execuções sumárias.
A ouvidoria da polícia de São Paulo recebeu, apenas no primeiro semestre do ano passado, 1853 denúncias de crimes cometidos por policiais, dessas, 207 foram de assassinatos.
Estamos em guerra senhoras e senhores, que ninguém duvide disso.
Estive na Europa no ano passado pela primeira vez e uma das coisas que mais me impressionaram foi a atitude da polícia. Fui abordado diversas vezes. Em nenhuma o policial sacou uma arma.
Aqui somos frequentemente surpreendidos por policiais que nos abordam com a arma em punho, engatilhada ou com o dedo no gatilho. Agem assim sob a alegação de que não sabem quem é ou não bandido. Ótimo, tratemos todos como se fossem.
Aí eu me pergunto: Precisamos de uma polícia violenta porque somos piores? Um assassino no Brasil é pior que um assassino em Amsterdã? As pessoas valem menos aqui?
Passamos o tempo todo reclamando, assustados com a escalada da violência nas ruas, assaltos, assassinatos em faróis e o diabo.
O que alimenta essa roda viva? Qual o ponto de partida para toda esta violência?
O tempo todo assistimos o aparelho repressor do estado pisando o calo de quem não tem como se defender. Não conhece seus direito? Então não tem. Discordou? Humilha. A lei até pode ser imparcial por aqui mas a justiça é para poucos.
Tratamos criminosos como não tratamos animais. A pena de privação da liberdade transforma-se em humilhação e tortura. Não conseguimos recuperar ninguém. Os que não voltam pra cadeia são os que foram aliciados por igreja evangélicas para serem usados como exemplo.
E os que são detidos por crimes menores são misturados a criminosos violentos. São violentados física e emocionalmente. Saem de lá monstros sedentos por vingança. E se vingam.
Não se trata de defender criminosos e acusar a polícia. O Brasil precisa escolher que tipo de sociedade quer se tornar.
Ou começamos a nos tratar com respeito ou aprofundaremos o sentimento de que o outro é inimigo. Criminosos são nossos adversários nesta luta por uma sociedade de paz e respeito, não nossos inimigos. Inimigo é o outro, o invasor. Inimigo tem que ser morto.
É isso senhoras e senhores ou a guerra. E guerra é guerra.
A polícia do RJ matou, em 2007, 1260 pessoas. Isso levando em conta os números oficiais, sem contar os que foram dados por desaparecidos ou mortos em execuções sumárias.
A ouvidoria da polícia de São Paulo recebeu, apenas no primeiro semestre do ano passado, 1853 denúncias de crimes cometidos por policiais, dessas, 207 foram de assassinatos.
Estamos em guerra senhoras e senhores, que ninguém duvide disso.
Estive na Europa no ano passado pela primeira vez e uma das coisas que mais me impressionaram foi a atitude da polícia. Fui abordado diversas vezes. Em nenhuma o policial sacou uma arma.
Aqui somos frequentemente surpreendidos por policiais que nos abordam com a arma em punho, engatilhada ou com o dedo no gatilho. Agem assim sob a alegação de que não sabem quem é ou não bandido. Ótimo, tratemos todos como se fossem.
Aí eu me pergunto: Precisamos de uma polícia violenta porque somos piores? Um assassino no Brasil é pior que um assassino em Amsterdã? As pessoas valem menos aqui?
Passamos o tempo todo reclamando, assustados com a escalada da violência nas ruas, assaltos, assassinatos em faróis e o diabo.
O que alimenta essa roda viva? Qual o ponto de partida para toda esta violência?
O tempo todo assistimos o aparelho repressor do estado pisando o calo de quem não tem como se defender. Não conhece seus direito? Então não tem. Discordou? Humilha. A lei até pode ser imparcial por aqui mas a justiça é para poucos.
Tratamos criminosos como não tratamos animais. A pena de privação da liberdade transforma-se em humilhação e tortura. Não conseguimos recuperar ninguém. Os que não voltam pra cadeia são os que foram aliciados por igreja evangélicas para serem usados como exemplo.
E os que são detidos por crimes menores são misturados a criminosos violentos. São violentados física e emocionalmente. Saem de lá monstros sedentos por vingança. E se vingam.
Não se trata de defender criminosos e acusar a polícia. O Brasil precisa escolher que tipo de sociedade quer se tornar.
Ou começamos a nos tratar com respeito ou aprofundaremos o sentimento de que o outro é inimigo. Criminosos são nossos adversários nesta luta por uma sociedade de paz e respeito, não nossos inimigos. Inimigo é o outro, o invasor. Inimigo tem que ser morto.
É isso senhoras e senhores ou a guerra. E guerra é guerra.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
O Ralo e os Rolos
Quanto signifcou a perda da CPMF para o governo? Quarenta bilhões? É sem dúvida muito dinheiro. Qualquer governo que fosse privado de uma quantia tão significativa estaria em maus lençóis.
Para escrever o post de hoje resolvi fazer uma pequena busca no google com as palavras: "esquema prejuízo cofre público 2007 bilhões".
Olhem só que interessante.
11/2007 - Prejuízo de 1 Bilhão aos cofres públicos
12/2007 - Prejuízo de 1 Bilhão aos cofres públicos
11/2007 - Prejuízo de 1,7 Bilhão aos cofres públicos
Foram 2 minutos de pesquisa e bingo, temos 10% de toda a CPMF.
Isso porque estamos tratando apenas dos escândalos BILIONÁRIOS. Coisa de milhãozinho não entrou nessa conta.
Pois bem. A pergunta de 1 bilhão é: Nós precisamos de mais impostos ou precisamos fechar o ralo?
A cultura de trocar as direções dos órgãos públicos e autarquias está institucionalizada na política há muito tempo. O tempo todo ouvimos que a Reforma política deve ser por voto distrital, lista fechada e outros instrumentos que, sim, são úteis para resgatar não só a credibilidade mas creio mesmo que a utilidade da classe política brasileira.
Mas o que precisamos mesmo, senhoras e senhores, é acabar com a distribuição de cargos para quem não receberia um voto sequer, nem para síndico de prédio.
Um funcionário trabalha em um órgão por 15 ou 20 anos. Faz carreira naquela instituição, dá palestras, escreve livros, se informa e, na hora de se escolher um presidente ou diretor adivinhem qual é o critério? Estritamente político.
Isso mina as instituições e enfraquece o controle. Pessoas sem conhecimento técnico transformam o estado em incontáveis celeiros de corrupção.
Reclamamos o tempo todo de que o serviço público no Brasil é péssimo. Agora vejam bem. Se um servidor não tem perspectiva de crescer por seus méritos, uma vez que o critério de promoção é exclusivamente político, qual interesse este cidadão tem em se aperfeiçoar, em prestar um serviço de qualidade. É o óbvio senhores. Nenhum.
Prestigiar o funcionário público é um dos caminhos para diminuir a corrupção. Sem oferecer este tipo de oportunidade ao cidadão que, em última análise, trabalha para todos, não há como proteger o patrimônio público.
A cada troca de governo uma nova equipe de ladrões assume o controle da máquina. Os antigos saem impunes e os novos, já com a mina de ouro a sua disposição não têm interesse em expor as feridas da administração pública.
E assim vamos transformando o orçamento em um gigantesco queijo suíço. O dinheiro nós já temos senhoras e senhores. É nosso, é suficiente e está na conta.
A senha e o cartão estão com eles.
Para escrever o post de hoje resolvi fazer uma pequena busca no google com as palavras: "esquema prejuízo cofre público 2007 bilhões".
Olhem só que interessante.
11/2007 - Prejuízo de 1 Bilhão aos cofres públicos
12/2007 - Prejuízo de 1 Bilhão aos cofres públicos
11/2007 - Prejuízo de 1,7 Bilhão aos cofres públicos
Foram 2 minutos de pesquisa e bingo, temos 10% de toda a CPMF.
Isso porque estamos tratando apenas dos escândalos BILIONÁRIOS. Coisa de milhãozinho não entrou nessa conta.
Pois bem. A pergunta de 1 bilhão é: Nós precisamos de mais impostos ou precisamos fechar o ralo?
A cultura de trocar as direções dos órgãos públicos e autarquias está institucionalizada na política há muito tempo. O tempo todo ouvimos que a Reforma política deve ser por voto distrital, lista fechada e outros instrumentos que, sim, são úteis para resgatar não só a credibilidade mas creio mesmo que a utilidade da classe política brasileira.
Mas o que precisamos mesmo, senhoras e senhores, é acabar com a distribuição de cargos para quem não receberia um voto sequer, nem para síndico de prédio.
Um funcionário trabalha em um órgão por 15 ou 20 anos. Faz carreira naquela instituição, dá palestras, escreve livros, se informa e, na hora de se escolher um presidente ou diretor adivinhem qual é o critério? Estritamente político.
Isso mina as instituições e enfraquece o controle. Pessoas sem conhecimento técnico transformam o estado em incontáveis celeiros de corrupção.
Reclamamos o tempo todo de que o serviço público no Brasil é péssimo. Agora vejam bem. Se um servidor não tem perspectiva de crescer por seus méritos, uma vez que o critério de promoção é exclusivamente político, qual interesse este cidadão tem em se aperfeiçoar, em prestar um serviço de qualidade. É o óbvio senhores. Nenhum.
Prestigiar o funcionário público é um dos caminhos para diminuir a corrupção. Sem oferecer este tipo de oportunidade ao cidadão que, em última análise, trabalha para todos, não há como proteger o patrimônio público.
A cada troca de governo uma nova equipe de ladrões assume o controle da máquina. Os antigos saem impunes e os novos, já com a mina de ouro a sua disposição não têm interesse em expor as feridas da administração pública.
E assim vamos transformando o orçamento em um gigantesco queijo suíço. O dinheiro nós já temos senhoras e senhores. É nosso, é suficiente e está na conta.
A senha e o cartão estão com eles.
sexta-feira, 11 de janeiro de 2008
Tempo de Reflexão
Entrei em contagem regressiva para meu aniversário.
É sempre bom continuar vivo. Eu continuo e, como todos nós, sem saber até quando.
É nessa época que costumo me perguntar: As coisas pioraram ou melhoraram?
Lembro do fim da ditadura, eu era apenas um garoto mas cada vez que tentava saber quem era o culpado daquela zona toda minha mãe dizia "Cala a boca menino. Se alguém te escuta teu pai vai preso e nunca mais volta!". Minha analista é grata a ela até hoje.
Lembra da hiperinflação? Era todo dia! Ia na padaria na quinta o pão era 100. Na sexta 110 no domingo 150. Um inferno pra fazer conta. Hoje a criançada aprende a fazer conta com laranjas e tal. A gente tinha que saber juros compostos. A professora perguntava: Luizinho tinha 10 "dinheiros" e comprou 2 laranjas de 1 dinheiro, depois comprou mais 3 laranjas, quanto sobrou para Luizinho? A resposta era óbvia: Depende de quando ele comprou. (O Gene do economista começava a se manifestar).
Então, depois do "Tempo Negro", veio a tão sonhada democracia. Era uma festa. Todo mundo na rua comemorando a tal liberdade. E a liberdade tinha nome: Tancredo. Tancredo Morreu.
Foi aí que a merda pegou preço. Foi aí, nesse momento que entrou em ação o "Não tem tu vai tu mesmo". Entrou o Sarney.
Era vice? Tudo bem. Mas era a manutenção do status quo. O poder econômico conquistava o poder político. Sem os militares para fazer frente, o poder econômico tomou o estado. E o congresso, e os ministérios. Eles tinham a mídia. O povo não tinha juízo. Foi uma barbada.
E desde então assistimos uma roda triturando o Brasil dia após dia. Saiu Sarney, e não foi fácil tira-lo de lá. Tome Collor. Com direito a Zélia, PC Farias e confisco. Coisa de quadrilha.
Aí tivemos Itamar e Plano Real. Foi a glória. Sem inflação e com uma moeda que parecia dólar o Jet Set pode viajar pra Europa todo ano enquanto o Povo comia frango como nunca.
Mas como Deus não é brasileiro nem aqui nem na China, tome-lhe Crise do México, Rússia, Ásia e Argentina. Acho que quando o Brasil vai bem o mundo se preocupa. O real passou a valer 30% menos do que valia e ficamos, de novo, mais pobres da noite para o dia.
Mas nem tudo estava perdido. Tínhamos a esperança vermelha. A ética na política parecia estar a nosso alcance. E o povo pediu Lula. E foi Lula que o povo teve. E Lula nos deu o mensalão e o Valerioduto. Eita ferro!
Antes que eu me esqueça. Eu votei nele em todas as eleições. Mea culpa tamem.
E aqui estamos em 2008. Com uma educação que perde para o Panamá e Costa Rica. Com homicídios em alta e gente morando em buracos de ponte, sem eletricidade ou saneamento básico.
Agora vamos lá. Não melhorou? Sim melhorou uma porção de coisas. Piorou? Sim piorou uma porção de coisas.
Mas o que mais me deixa frustrado amigos é que nós, o povo, não aprendemos absolutamente nada com isso tudo.
Feliz aniversário para a nossa santa ignorância.
É sempre bom continuar vivo. Eu continuo e, como todos nós, sem saber até quando.
É nessa época que costumo me perguntar: As coisas pioraram ou melhoraram?
Lembro do fim da ditadura, eu era apenas um garoto mas cada vez que tentava saber quem era o culpado daquela zona toda minha mãe dizia "Cala a boca menino. Se alguém te escuta teu pai vai preso e nunca mais volta!". Minha analista é grata a ela até hoje.
Lembra da hiperinflação? Era todo dia! Ia na padaria na quinta o pão era 100. Na sexta 110 no domingo 150. Um inferno pra fazer conta. Hoje a criançada aprende a fazer conta com laranjas e tal. A gente tinha que saber juros compostos. A professora perguntava: Luizinho tinha 10 "dinheiros" e comprou 2 laranjas de 1 dinheiro, depois comprou mais 3 laranjas, quanto sobrou para Luizinho? A resposta era óbvia: Depende de quando ele comprou. (O Gene do economista começava a se manifestar).
Então, depois do "Tempo Negro", veio a tão sonhada democracia. Era uma festa. Todo mundo na rua comemorando a tal liberdade. E a liberdade tinha nome: Tancredo. Tancredo Morreu.
Foi aí que a merda pegou preço. Foi aí, nesse momento que entrou em ação o "Não tem tu vai tu mesmo". Entrou o Sarney.
Era vice? Tudo bem. Mas era a manutenção do status quo. O poder econômico conquistava o poder político. Sem os militares para fazer frente, o poder econômico tomou o estado. E o congresso, e os ministérios. Eles tinham a mídia. O povo não tinha juízo. Foi uma barbada.
E desde então assistimos uma roda triturando o Brasil dia após dia. Saiu Sarney, e não foi fácil tira-lo de lá. Tome Collor. Com direito a Zélia, PC Farias e confisco. Coisa de quadrilha.
Aí tivemos Itamar e Plano Real. Foi a glória. Sem inflação e com uma moeda que parecia dólar o Jet Set pode viajar pra Europa todo ano enquanto o Povo comia frango como nunca.
Mas como Deus não é brasileiro nem aqui nem na China, tome-lhe Crise do México, Rússia, Ásia e Argentina. Acho que quando o Brasil vai bem o mundo se preocupa. O real passou a valer 30% menos do que valia e ficamos, de novo, mais pobres da noite para o dia.
Mas nem tudo estava perdido. Tínhamos a esperança vermelha. A ética na política parecia estar a nosso alcance. E o povo pediu Lula. E foi Lula que o povo teve. E Lula nos deu o mensalão e o Valerioduto. Eita ferro!
Antes que eu me esqueça. Eu votei nele em todas as eleições. Mea culpa tamem.
E aqui estamos em 2008. Com uma educação que perde para o Panamá e Costa Rica. Com homicídios em alta e gente morando em buracos de ponte, sem eletricidade ou saneamento básico.
Agora vamos lá. Não melhorou? Sim melhorou uma porção de coisas. Piorou? Sim piorou uma porção de coisas.
Mas o que mais me deixa frustrado amigos é que nós, o povo, não aprendemos absolutamente nada com isso tudo.
Feliz aniversário para a nossa santa ignorância.
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Cérebros em Férias
Muito bem. Começou o Big Brother.
Quem já leu o livro do Orwell, via de regra fica indignado com a quantidade de gente que passa suas noites a observar a casa-aquário-viveiro da Globo.
A mídia, dentre todos os fatores capazes de influenciar a opinião pública, tem um papel decisivo na formação de uma consciência coletiva. As pessoas menos informadas ou mais suscetíveis à opinião alheia a utilizam como balizador de suas ações e decisões.
A televisão é no Brasil, seguramente a mídia mais importante na formação da opinião pública.
Pois bem, e o que temos para assistir?
Programas em que o único objetivo é sobrepujar o outro. Seja intelectualmente, fisicamente ou sexualmente, o apelo é sempre o mesmo. Você precisa ganhar, ganhar, ganhar, numa espécie de apregoação contínua e subliminar da Lei de Gerson.
Sentido de coletividade? Esqueça. Participação das comunidades na vida pública? Nem pensar. Chamar as pessoas a se envolverem no processo de tomada de decisão pelo estado? Jamé.
Promessas. De fama, riqueza, exposição, status e poder. O Camarada ganha 50 mil em um programa de TV e 2 anos depois está devendo 150 mil porque não sabe nem o significado da expressão "investimento".
Entro na internet: Big Brother. Abro o Jornal: Big Brother e a única certeza que tenho é que daqui há alguns meses alguma gostosona com cérebro de minhoca estará deliciosamente nua nas páginas das revistas masculinas. (talvez a única coisa que se salve!)
Enquanto isso vamos nos alienando. O País sendo consumido pela corrupção e desmando enquanto cada TV do país hipnotiza os cérebros para que ninguém acorde do transe e se pergunte: Que Zorra é esta?
Pão e Circo senhoras e senhores. Pão e circo.
Quem já leu o livro do Orwell, via de regra fica indignado com a quantidade de gente que passa suas noites a observar a casa-aquário-viveiro da Globo.
A mídia, dentre todos os fatores capazes de influenciar a opinião pública, tem um papel decisivo na formação de uma consciência coletiva. As pessoas menos informadas ou mais suscetíveis à opinião alheia a utilizam como balizador de suas ações e decisões.
A televisão é no Brasil, seguramente a mídia mais importante na formação da opinião pública.
Pois bem, e o que temos para assistir?
Programas em que o único objetivo é sobrepujar o outro. Seja intelectualmente, fisicamente ou sexualmente, o apelo é sempre o mesmo. Você precisa ganhar, ganhar, ganhar, numa espécie de apregoação contínua e subliminar da Lei de Gerson.
Sentido de coletividade? Esqueça. Participação das comunidades na vida pública? Nem pensar. Chamar as pessoas a se envolverem no processo de tomada de decisão pelo estado? Jamé.
Promessas. De fama, riqueza, exposição, status e poder. O Camarada ganha 50 mil em um programa de TV e 2 anos depois está devendo 150 mil porque não sabe nem o significado da expressão "investimento".
Entro na internet: Big Brother. Abro o Jornal: Big Brother e a única certeza que tenho é que daqui há alguns meses alguma gostosona com cérebro de minhoca estará deliciosamente nua nas páginas das revistas masculinas. (talvez a única coisa que se salve!)
Enquanto isso vamos nos alienando. O País sendo consumido pela corrupção e desmando enquanto cada TV do país hipnotiza os cérebros para que ninguém acorde do transe e se pergunte: Que Zorra é esta?
Pão e Circo senhoras e senhores. Pão e circo.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
Contradições e Controvérsias
Seguindo um conselho dado por um amigo, de quem prezo muito a opinião, começo a escrever como falo.
A cada dia fico mais abismado com a capacidade do governo Lula de dar tiros no próprio pé.
Passaram a vida toda batendo boca, berrando pra Deus e o mundo que a carga tributária é alta, que a CPMF era um absurdo, que o interesse do povo deveria se sobrepujar ao interesse privado e o escambau.
Taí. Bastou perder uma batalha no congresso e tome-lhe mais imposto goela abaixo, a despeito do crescimento da arrecadação de impostos devido ao crescimento da economia e a melhora na máquina de recolhimento.
E agora? Agora o PAC já começa a fazer água, O plano de desenvolvimento da educação já desacelera e a saúde pode esperar um ano de vacas magras. E os juros? Ah, os juros vão bem. Tome superávit pra pagar, esse é intocável.
Parafraseando o Barba, nunca na história desse país as coisas continuaram tanto do mesmo jeito. Sem reforma tributária, sem reforma da previdência, sem reforma política sem reforma do judiciário.
Enquanto isso, na casa da mãe Joana que se tornou o congresso nossos ilustres deputados e senadores passam o tempo discursando entre os seus pares de indubidável desonestidade e excelsa cara de pau sobre absolutamente NADA!
Em um país com Terra do Meio, sem saúde pública, sem educação básica, sem saneamento básico para milhões de Brasileiros e com uma guerra civil em andamento (Sorry periferia, mas o que temos hoje não é crime organizado nem aqui nem na China. Olhem os números!), os eleitos para segurar este rojão fazem exatamente o que se esperava que fizessem: Absolutamente Nada.
Salvo raríssimas exceções, a nata da cafajestagem, donos de redes de TV e rádio, latifundiários e ineptos de plantão passam o mandato consultando as bases. Operar alguma coisa? Nada. Se organizar para votar as leis que precisamos? Nem pensar.
E a sociedade? Amigos, a sociedade assiste. E só. sem questionar nada, sem se envolver em nada, sem colocar o "seu" na seringa. Continuamos pagando para não ter que participar.
o Brasil está chegando ao estado da arte do fisiologismo. Já é quase um sistema político-econômico. Taí. Nem Socialistas, nem Capitalistas. Somos mesmos é fisiologistas.
A cada dia fico mais abismado com a capacidade do governo Lula de dar tiros no próprio pé.
Passaram a vida toda batendo boca, berrando pra Deus e o mundo que a carga tributária é alta, que a CPMF era um absurdo, que o interesse do povo deveria se sobrepujar ao interesse privado e o escambau.
Taí. Bastou perder uma batalha no congresso e tome-lhe mais imposto goela abaixo, a despeito do crescimento da arrecadação de impostos devido ao crescimento da economia e a melhora na máquina de recolhimento.
E agora? Agora o PAC já começa a fazer água, O plano de desenvolvimento da educação já desacelera e a saúde pode esperar um ano de vacas magras. E os juros? Ah, os juros vão bem. Tome superávit pra pagar, esse é intocável.
Parafraseando o Barba, nunca na história desse país as coisas continuaram tanto do mesmo jeito. Sem reforma tributária, sem reforma da previdência, sem reforma política sem reforma do judiciário.
Enquanto isso, na casa da mãe Joana que se tornou o congresso nossos ilustres deputados e senadores passam o tempo discursando entre os seus pares de indubidável desonestidade e excelsa cara de pau sobre absolutamente NADA!
Em um país com Terra do Meio, sem saúde pública, sem educação básica, sem saneamento básico para milhões de Brasileiros e com uma guerra civil em andamento (Sorry periferia, mas o que temos hoje não é crime organizado nem aqui nem na China. Olhem os números!), os eleitos para segurar este rojão fazem exatamente o que se esperava que fizessem: Absolutamente Nada.
Salvo raríssimas exceções, a nata da cafajestagem, donos de redes de TV e rádio, latifundiários e ineptos de plantão passam o mandato consultando as bases. Operar alguma coisa? Nada. Se organizar para votar as leis que precisamos? Nem pensar.
E a sociedade? Amigos, a sociedade assiste. E só. sem questionar nada, sem se envolver em nada, sem colocar o "seu" na seringa. Continuamos pagando para não ter que participar.
o Brasil está chegando ao estado da arte do fisiologismo. Já é quase um sistema político-econômico. Taí. Nem Socialistas, nem Capitalistas. Somos mesmos é fisiologistas.
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
A semente da tragédia
Submissão é como a ignorância. Antes de sabermos o que é liberdade ela é, realmente, uma benção. Deixamos de nos preocupar com responsabilidades e sofrer por desejos que jamais sonhamos ser possíves.
A fábula da caverna ilustra isso desde os Gregos, creio eu.
No entanto, nessa sociedade completamente desaglutinada em que vivemos, apesar de conhecermos o exterior da caverna nos mantemos na condição de submissos.
Continuamos dizendo que não adianta. Que isso que está aí nunca vai mudar. Que os poderosos dominam as instituições que, apesar de nossa irrelevante participação, insistimos em chamar de democráticas.
E não nos movemos. E não nos manifestamos. Exceto quando, por obrigação, nos deslocamos até uma urna e colocamos nela nosso voto para a manutenção do estado de coisas, o qual, apesar dos pesares nos permite pagar a escola de nossos filhos e o plano de assistência médica.
Nesse ambiente hostil no qual ainda conseguimos, em 80 meses comprar o carro que nos libertará do compartilhamento com a massa dos metrôs lotados, trens imundos e ônibus inadequados .
A Ilusão é tão grande que, ao menor deslize do estado, retornamos à esta abominável condição de massa. Seja por uma política de juros mal feita, seja pela ausência de planejamento a longo prazo em um setor que nos afete diretamente.
Não há uma guerra lá fora. Há uma escravidão sendo defendida. E nós deixamos de lutar.
Deixamos de nos preocupar com a educação porque nossos filhos estudam em escolas particulares que, salvo raras exceções, ensinam pouco mais do que o necessário para criar bons operários. Longe do que se considera razoável para formar cidadãos.
Deixamos de nos preocupar com hospitais já que, no caso de um infortúnio podemos recorrer aos hospitais particulares, a despeito das brigas judiciais para obter coberturas que foram excluídas à letra miúda.
Brigamos com as escolas e hospitais e não brigamos com o estado. Nos sujeitamos a um serviço público de péssima qualidade, repleto de descaminhos e artimanhas, onde somente pela via da propina é possível obter algum benefício.
Àqueles que ainda não perceberam. Nós pagamos por isso. Pagamos para não participar. Pagamos para não nos envolvermos.
Há autores que defendem que no estado brasileiro não houve mudança desde a colônia. O que mudou foi a matiz dos escravos e o peso dos grilhões. Continuamos sujeitos ao desejo e desmandos de poucos por conta de nossa inapetência para o conflito.
O poder vem do povo. Não temos nos comportado como um.
Um povo precisa saber o que é direito comum. E respeitá-lo. Não o direito do seu filho ou do meu. Mas o direito de todos os brasileiros. Nós não agimos assim.
E enquanto o direito individual sobrepujar o direito de todos. Enquanto a única forma de se obter direitos for a via do poder judiciário e não a do senso comum perdoem-me irmãos brasileiros, mas não seremos um povo.
A fábula da caverna ilustra isso desde os Gregos, creio eu.
No entanto, nessa sociedade completamente desaglutinada em que vivemos, apesar de conhecermos o exterior da caverna nos mantemos na condição de submissos.
Continuamos dizendo que não adianta. Que isso que está aí nunca vai mudar. Que os poderosos dominam as instituições que, apesar de nossa irrelevante participação, insistimos em chamar de democráticas.
E não nos movemos. E não nos manifestamos. Exceto quando, por obrigação, nos deslocamos até uma urna e colocamos nela nosso voto para a manutenção do estado de coisas, o qual, apesar dos pesares nos permite pagar a escola de nossos filhos e o plano de assistência médica.
Nesse ambiente hostil no qual ainda conseguimos, em 80 meses comprar o carro que nos libertará do compartilhamento com a massa dos metrôs lotados, trens imundos e ônibus inadequados .
A Ilusão é tão grande que, ao menor deslize do estado, retornamos à esta abominável condição de massa. Seja por uma política de juros mal feita, seja pela ausência de planejamento a longo prazo em um setor que nos afete diretamente.
Não há uma guerra lá fora. Há uma escravidão sendo defendida. E nós deixamos de lutar.
Deixamos de nos preocupar com a educação porque nossos filhos estudam em escolas particulares que, salvo raras exceções, ensinam pouco mais do que o necessário para criar bons operários. Longe do que se considera razoável para formar cidadãos.
Deixamos de nos preocupar com hospitais já que, no caso de um infortúnio podemos recorrer aos hospitais particulares, a despeito das brigas judiciais para obter coberturas que foram excluídas à letra miúda.
Brigamos com as escolas e hospitais e não brigamos com o estado. Nos sujeitamos a um serviço público de péssima qualidade, repleto de descaminhos e artimanhas, onde somente pela via da propina é possível obter algum benefício.
Àqueles que ainda não perceberam. Nós pagamos por isso. Pagamos para não participar. Pagamos para não nos envolvermos.
Há autores que defendem que no estado brasileiro não houve mudança desde a colônia. O que mudou foi a matiz dos escravos e o peso dos grilhões. Continuamos sujeitos ao desejo e desmandos de poucos por conta de nossa inapetência para o conflito.
O poder vem do povo. Não temos nos comportado como um.
Um povo precisa saber o que é direito comum. E respeitá-lo. Não o direito do seu filho ou do meu. Mas o direito de todos os brasileiros. Nós não agimos assim.
E enquanto o direito individual sobrepujar o direito de todos. Enquanto a única forma de se obter direitos for a via do poder judiciário e não a do senso comum perdoem-me irmãos brasileiros, mas não seremos um povo.
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
O Início
Olá Amigos e Visitantes,
Criei este blog para divulgar minhas idéias e discutir problemas da atualidade.
Sejam Bem vindos.
Abraços.
Emerson
Criei este blog para divulgar minhas idéias e discutir problemas da atualidade.
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Abraços.
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