segunda-feira, 24 de março de 2008

A Epidemia do descaso


Meu grande amigo e irmão Yuri Gadini inaugurou finalmente seu Bar e Restaurante na cidade do Rio de Janeiro. Há quase 1 mês eu prometo a ele que vou ao rio conhecer o lugar. Neste fim de semana que passou eu me organizei e na quinta feira a noite estava de mala e cuia prontas para a viagem. Liguei a TV para checar o trânsito e dou com uma notícia de deixar os cabelos em pé. O Governo iria montar hospitais de campanha para tentar conter o número de mortes por dengue. Quanto ao contágio as medidas ainda seriam definidas. Desisti de ir ao RJ, ao menos por hora.

Segundo matéria do UOL, a cada 42 segundos um novo caso de dengue surge na cidade do Rio de Janeiro. São quase 60 por hora. Só agora o governo reconheceu a existência de uma epidemia e começou a tomar providências. Até que isso acontecesse, milhares de pessoas foram contaminadas e não há como deter a epidemia, ao menos no curto prazo.

A dengue é uma doença conhecida dos brasileiros. Sabemos como ela é transmitida, os sintomas e o tratamento. Porque então o sistema de saúde de um estado como o RJ não deu conta? A resposta é simples e composta. Não há médicos preparados no sistema de saúde para atender pacientes com dengue e não foi feito o combate ao mosquito. O resto é balela.

Doenças com vetores como o Aedes Egypt podem ser controladas em áreas urbanas. O controle em áreas rurais pode ser mais difícil mas não é esse o caso do RJ. A conscientização da população, acompanhada por uma ação enérgica do estado no sentido de eliminar os criadouros é o que evitou epidemias dessas proporções em granes centros urbanos do país.

No último ano nada foi feito. Carros que deveriam servir para a fumegação de veneno estão parados, ironicamente servindo, eles próprios, como viveiros de mosquito. Não houve ação preventiva. O resultado aí está. Não houve treinamento das equipes de saúde pública. O resultado é uma catástrofe. O número de mortes deve aumentar significativamente.

O governo anuncia novos carros, 20 no total, mas estes serão insuficientes. Há 50 no Rio e não foram suficientes em 1 ano. Anuncia agentes e médicos. Mas as dezenas de mortos já não podem mais ser salvos. Estes ficarão na memória, como vítimas do descaso e incompetência dos governantes. Estes não sofrerão consequência alguma. Estas mortes não cairão nas costas de ninguém senhoras e senhores. Estas ficarão mesmo em nossas mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Top-Top-Top


Para quem não tinha certeza e para quem não tinha dúvida. As obras no aeroporto internacional de Cumbica foram paralisadas esta semana. O Motivo? Falta de pagamento. A razão? Ninguém sabe dizer.

Ano passado fui à Europa acampar. O Aeroporto de Amsterdã Shiphol é pelo menos 10 vezes maior que o de Cumbica. Gente do mundo todo passa por lá. Ele é a ponte para diversos aeroportos da Europa e Ásia. O Amigo Leitor acha que eles construíram algo desse tamanho para facilitar a vida dos demais moradores do mundo? Não. Construíram porque dá muito dinheiro.

Mas no Brasil a coisa é encarada como serviço público ou seja, péssimo atendimento, péssima qualidade de serviço, péssima reputação. Se não querem fazer, deixem nas mãos da iniciativa privada, já que o usuário é quem paga a conta.

Nem terminamos de passar a crise aérea direito e já foram esquecidos os acidentes dos vôos da Tam e Gol. Paralisar uma obra dessas é no mínimo criminoso. A Infraero já se manifestou. há indícios de super-faturamento. (Alguém conhece uma obra pública que tenha sido feita a preços justos nos últimos 30 anos?). Ora, façam-me o favor!

As aeronaves crescem a cada dia. Em número e tamanho. A cada dia são necessárias pistas mais longas e controle de tráfego mais eficiente. Nós paramos no tempo. A Infraero empurra com a barriga e o governo faz de conta que não é com ele. Em tempos de crise passa-se o facão, troca-se o comando. Mudam as moscas, a sujeira é a mesma.

São todos macacos velhos senhoras e senhores. Estes metem a mão em tudo, menos em Cumbica.

quarta-feira, 19 de março de 2008

10 anos de Prejuízo


O Caro Leitor deve estar pensando que se livrou do Pitta e cia LTDA. Pois olha ele aí de novo. Não exatamente ele mas uma de suas obras primas: O Fura Fila, rebatizado de expresso Tiradentes.

Depois de esperar 10 anos para usufruir do investimento mal feito no projeto o paulistano ainda tem que lidar com as denúncias de super-faturamento em até 145% no valor dos serviços prestados pelas construtoras.

O TCU recebeu o relatório de auditoria realizada em 2006. A obra custou 450 milhões. Ora, em uma obra desse porte a auditoria demorou quase 2 anos para chegar a esta conclusão? No mínimo suspeito.

Há muito tempo os administradores sabem da existência do princípio de Pareto. Se auditarmos com eficiência 20% dos projetos em execução estaremos controlando aproximadamente 80% do valor envolvido. O outros 20% podem sofrer auditorias menos frequentes mas não menos austeras.

Qualquer orçamentista do mercado consegue dizer se o preço de um serviço está abaixo ao acima da média e indicar super-faturamento. Não é preciso ser um gênio das finanças para perceber este tipo de falcatrua, tão comum no histórico de obras públicas no Brasil. Como explicar ao contribuinte que um erro desta magnitude venha a ser percebido com quase 2 anos de atraso? Estes valores são do último trecho construído, e os demais serviços, como se comportaram?

A semana passada o governador de New York perdeu o cargo por "suspeitas" de desvio de verbas de campanha para uma rede de prostituição. Ainda resta o inquérito criminal mas ele já perdeu o cargo. Alguém acha que um prefeito ou governador (a obra é feita em parceria) vá perder o mandato por algo parecido? Nem a pau Juvenal.

Precisamos contratar Senhoras Japonesas como a da propaganda da Semp Toshiba e coloca-las ao lado das urnas. Quando alguém for votar em um desses crápulas ela diria: Esse sem vergonha roubou uma grana danada e você vai votar nele? "Se riga Cabeçom!".

O trânsito em São Paulo é cada vez mais caótico. Cada vez mais precisamos furar filas. Eles, senhoras e senhores, furam nossos olhos.

terça-feira, 18 de março de 2008

Congresso 1 x Governo 1 - Brasil 0

Nova briga entre executivo e legislativo sobre um assunto antigo. O Excesso de medidas provisórias editadas pelo governo.

O Caro Leitor que acompanha o assunto deve se perguntar: Por que o governo precisa das MP's se temos uma das mais ágeis e sérias casas legislativas do mundo? A resposta é simples: Porque não temos congresso.

A administração pública em um país com as complexidades e dimensões do Brasil não pode depender do congresso para tomar atitudes. É preciso uma certa "margem de manobra"que permita ao executivo tocar o dia a dia da nação sem ter de aguardar que as casas legislativas aprovem.

Lembram-se da super receita? Uma medida provisória uniu diversas autarquias com o objetivo de diminuir despesas e facilitar a arrecadação. O resultado foi uma balbúrdia total. O Executivo teve de voltar atrás pois o congresso deixou o prazo se esgotar. Simples assim.

Agora sejamos justos. Se o governo tivesse mandado um projeto de lei para o congresso em quanto tempo ele seria votado? Sendo otimista em 2 ou 3 anos. É inviável.

O que o legislativo está fazendo é a típica atitude de quem não quer largar o osso. Sem briga política o governo é mais eficiente e os problemas são resolvidos. Isso são louros para o governo e a oposição não quer que este se fortaleça diante da opinião pública. Taxam-no de autoritário e de antidemocrático. Balela. Conversa mole para enganar os incautos.

Há quanto tempo esperamos a reforma política? Quanto tempo levará reforma tributária para ser aprovada? Alguém duvida que ficará para as calendas? É ano de eleições, ou seja, ano de congressista correr para as "bases" e deixar o país ao Deus dará.

Nossos políticos não têm senso de urgência senhoras e senhores. O deles está garantido, por dentro ou por fora. O do Brasil é que está na seringa.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O Tigre e o Dragão

A amigo leitor há de me perdoar pela ausência. Foram dias corridos esses últimos e minha criatividade foi devorada por tarefas em fúria. Mas cá estou de volta e retomemos o caminho.

Há pouco mais de 3 meses foi preso em São Paulo o "empresário" Law Kim Chong. Sob a luz dos holofotes a polícia cologou atrás das grades alguém que, segundo as autoridades pois este que vos escreve não investigou, é o maior contrabandista do país, responsável pelos shppings da 25 de março e outros por aí.

A prisão cautelar de 121 dias terminou sem que fossem produzidas provas contra ele. E ontem ele foi solto da penitenciária onde se encontrava. Inacreditável.

Qualquer leitor sabe que as mercadorias vendidas nestes shoppings tem 2 procedências possíveis: Ou é contrabandeada ou é falsificada. Uma terceira opção é a de que poderia ser roubada o que tecnicamente é difícil de caracterizar. Ninguém compra equipamento eletrônico legalmente importado por um preço 50% menor que em uma loja qualquer. Se o preço é este então é contrabandeado.

A polícia não conseguiu nada contra o homem. Ele responde a dois processos por contrabando e formação de quadrilha. Alguém duvida que estes venham a fazer água também? E não estamos falando da nossa polícia civil. Quem tocou as investigações foi a polícia federal, com todo o seu aparato científico-tecnológico. E não descobriram nada. Em meio a toneladas de mercadorias, meses de investigação e nem uma só provinha de algo que todo mundo sabe.

Não é a toa que pessoas como Law kim Chong violam a lei senhoras e senhores. É realmente um negócio da China.

terça-feira, 4 de março de 2008

O Inimigo do meu inimigo é o meu amigo

Chegou a hora caros leitores. Após anos e anos tentando achar uma justificativa válida pra iniciar um conflito armado na América Latina, particularmente com a Colômbia com quem as rusgas têm cruzado até o oceano, Hugo Chávez tem a primeira oportunidade real de colocar seus tanques nas ruas.

O apoio e reconhecimento que o presidente venezuelano vem dando às FARC ao longo dos últimos anos culminou com a libertação de reféns e colocou sua figura como importante humanista na mediação do conflito. Este assunto porém era até então exclusivamente colombiano. O ataque da Colômbia a um acampamento da guerrilha em território equatoriano foi literalmente "uma no cravo outra na ferradura". Ao mesmo tempo que eliminou o segundo homem no comando das farc, bloqueando assim o caminho da intermediação de reféns como ferramenta de promoção política, deu a Hugo Chávez a desculpa perfeita para semear a discórdia entre seus vizinhos.

O perigo é real. As tensões políticas na região já chamam a atenção de diversos organismos internacionais. Não se deve esquecer a importância da região no mercado de gás e petróleo e os interesses dos EUA na região que é a maior produtora mundial de cocaína, argumento principal para a participação política americana na área.

É em momentos como este que as dotações feitas recentemente para reaparelhar o nosso aparato militar e os convênios com a Franç para a construção de submarinos nucleares deixam de parecer bobagem. A América Latina sempre foi e continuará sendo por muito tempo um gigantesco vulcão adormecido, mas não extinto.

A participação do Brasil como maior país do bloco deve ser sempre no sentido de buscar uma solução não bélica para o conflito, porém nossa posição deve ser firme e irredutível. Qualquer tentativa por parte da Venezuela de, sob qualquer justificativa, incitar seus vizinhos à guerra deve ser repelida com precisão cirúrgica e com força necessária para impedir o alastramento e perpetuação do conflito, a despeito do alinhamento ideológico entre os dois presidentes.

É tempo de acalmar os ânimos e dialogar. A guerra está em nossas portas senhoras e senhores. Sangue Latino suor e lágrimas. Estas de crocodilo.